primeiro de maio - Parc Astérix



Como no dia do trabalho a França toda pára resolvemos tentar aproveitar o máximo possível o feriado nacional visitando o parque Astérix. Eu já tinha visto meses antes da viagem que esse era um dia complicado, onde todos os museus europeus estão fechados, as lojas e os restaurantes também. Enfim, era um inferno anunciado, mas que tinha salvação: o parque Astérix fica aberto no feriado, assim como a EuroDisney. Como queríamos algo mais francês, escolhemos o famoso gaulês.
A única complicação era o transporte: ou ia de carro, ou de trem e depois ônibus, num trajeto que me parecia muito confuso, ou ia no ônibus do parque, que sai do Carroussel do Louvre, que era a solução mais fácil, porém a mais cara.
Como já tínhamos comprado os ingressos do parque pela internet alguns dias antes da viagem e com isso conseguimos um desconto, resolvemos abrir a mão e pagar a tal "navette". No dia anterior havíamos pesquisado o local de saída do ônibus e descoberto que não dava pra comprar as passagens com antecedência, então a única saída foi madrugar.
Com muito esforço acordamos no horário dessa vez e tomamos o café da manhã no quarto mesmo, pois precisávamos sair muito cedo. Pegamos o metrô e já sabendo o caminho de cór, fomos procurar o ônibus. Apesar de não haver placas indicativas, ele é muito fácil de achar, pois é todo, todinho colorido com os personagens da "bande dessinée". Uma coisa fofíssima. Já tinha umas 5 pessoas esperando do lado de fora, mas não tinha fila.

Observação sobre o comportamento francês: eles não sabem fazer fila. Mesmo. Se não tiver grades limitando o espaço e impondo uma fila, eles não se organizam, eles se aglutinam tentando um ficar mais próximo da entrada que o outro. Em suma, uma bagunça generalizada, porém muito silenciosa e razoavelmente educada (é "pardon" pra tudo que é lado).

Notamos que conforme o tempo foi passando mais adultos iam chegando, enquanto só tínhamos visto 3 crianças. Quando o ônibus "abriu" todos começaram a se cutevelar na porta, mas fomos subindo... compramos nossos bilhetes com o motorista mesmo, já reservando o lugar na volta também. Nos sentamos e ficamos só observando as pessoas entrarem. A idade média do ônibus passava dos 20 anos fácil, o que me deixou meio perplexa. Já tinha ouvido falar que o parque não era lá muito infantil, mas daí a só ter marmanjo é outra estória, né?
O ônibus obviamente saiu atrasado, o que depois vim a descobrir que não é tão incomum assim na França, afinal eles não são ingleses para a alegria da nação. Aproveitamos para dormir até a chegada no parque, que estava começando a abrir. Literalmente. Apesar de conseguirmos passar do primeiro portão, onde se entrega as entradas e onde tem uma placa dividindo a região entre France e Gaule (o parque é cheio de pequenos detalhes com piadas lembrando os quadrinhos, é genial), acabamos por empacar junto com a multidão que esperava o parque abrir, numa espécie de praça onde se concentram as lojas. Em menos de 2 minutos percebemos que sairíamos mais pobres, bem mais pobres, daquele lugar, as lojas são absurdamente legais e interessantes, com todos os livros pra comprar, em diversas línguas, bichos de pelúcia, camisetas (muitas com piadas), miniaturas, canecas, bonecos, lápis... toda espécie de lembrancinha. Você vê pessoas de todas as idades comprando de tudo. O mais engraçado são os adultos comprando os capacetes de plástico, que existem em diversos modelos: romano, gaulês, viking... tem pra todos os gostos e sexos.
Tentamos nos controlar, e resolvemos que só iríamos fazer compras na saída do parque, porque carregar tudo o que queríamos pelas montanhas russas não era muito recomendado.
Enquanto olhávamos boquiabertos nas lojas ouvimos a multidão do lado de fora gritar e começar a se mover. Era o sinal de que o parque finalmente estava aberto. Fomos atrás!
O parque é dividido em grandes áreas: Gália, Roma, Grécia, Império Romano, os Vikings e Através dos Tempos, sendo que no centro do Gália fica Petibonum!
Resolvemos começar pelos brinquedos mais distantes e maiores. Então fomos primeiro para a montanha russa de madeira "Tonerre de Zeus"! Demos de cara um funcionário explicando que ela só abriria mais tarde, por conta de problemas técnicos. Nem nos importamos, bem perto tinha a maior montanha do parque, Gordurix! Com 7 loopings! O único problema era a fila. Quase uma hora depois, com a ajuda de um carro extra que havia começado a funcionar, chegou a nossa vez!
Eu não lembro qual tinha sido minha última montanha russa... só sei que era meio infantil, porque durante quase toda a minha vida eu não tive altura o suficiente para ir nesses brinquedos. Enfim, foi minha primeira montanha russa com looping! Comecei bem...
Dali voltamos pra Tonnerre, que já tinha começado a funcionar. Eu que tinha achado a primeira muito forte, mal sabia o que me esperava. Gordurix é uma montanha russa moderna, que apesar dos loopings te dá alguma sensação de segurança. Tonnerre de Zeus é de madeira, enquanto você espera na fila você pode ver que ela sempre sede um pouco quando o carro passa, fora o barulho. Essa montanha é daquelas que você acha que não vai acabar nunca, e ela é tão intrincada, com os caminhos se sobrepondo, que você nunca sabe direito pra onde está indo! Pra se ter uma idéia, a Tonnerre em números: é a terceira maior montanha russa de madeira da Europa, e a única que foi escolhida 3 vezes como a melhor montanha russa de madeira do mundo. Não é coisa pouca não! A bichinha não é mole não! Ainda bem que acabamos indo nela depois da Gordurix, pois deixou a modernosa no chinelo!
Saímos zonzos da bronca dos deuses, mais saímos bem a tempo de ver uma atração que eu queria muito assistir: o show dos golfinhos! Chegamos bem na hora marcada no aviso do lado de fora! Mais ainda estava meio vazio, então pegamos um bom lugar e ficamos esperando. Esperando, esperando, esperando, esperando... Quando já estávamos de saco cheio, o show ameaçou começar... e a chuva começou a cair. Como o Caike estava com o super-casaco impermeável dele e eu estava com meu casaco de neoprene, resolvemos ficar na chuva mesmo, enquanto as pessoas em volta abriam guarda-chuvas e vestiam seus ponchos do parque (nesse momento fiz uma nota mental: era ali mesmo que eu compraria o meu!). O show só ameaçava a começar, mas não começava nunca. Foi então que algo incrível aconteceu: caiu granizo. Sério, caiu pedras de gelo mesmo! E nós ali sem termos onde se proteger... muitas pessoas começaram a se levantar e a ir embora... o granizo parou, mas a chuva apertou! Aí até nós resolvemos que tudo tinha limite, levantamos também e nos dirigimos para a saída, e Murphy é grande e louvado, o show resolveu começar. Voltamos e nos sentamos novamente na chuva pra assistirmos. O show é muito fofinho, mas tem o pré-requisito saber francês, porque é feito basicamente pra crianças, parecendo um programado discovery channel, explicando tudo sobre os golfinhos, o que comem, onde vivem, seus hábitos, tudo explicadinho. E os golfinhos de lá são meio que aprendizes, ainda não sabem muitos truques, e eles explicam isso! Enfim, é legal, mas deixou a desejar. Ainda mais porque os tratadores resolvem mesmo brincar com os bichos quando o show termina!
A vantagem foi que nós saímos de lá tão molhados que eu já não ligava mais de ir nos demais brinquedos do parque, porque 90% deles envolvem água, muita água, e estava um frio de rachar... molhado, molhado e meio, né? Aproveitamos a ausência de filas por conta da hora do almoço e fomos para o Grand Splash! Nome bem auto-explicativo... só que exagerado. Não é tão grande assim. Mas também depois das montanhas russas, aquilo era coisa pra criança de colo. Saímos de lá pensando "puxa, é só isso?", aí eu me animei vendo um outro brinquedo: o menir express! Puxei o Caike e lá fomos nós, ainda aproveitando a pouca fila, e realmente era bem melhor que o Splash!
Dali, já reanimados, achamos que já era hora de comermos alguma coisa e fazermos algo mais calmo para digerir. Fomos numa lanchonete que servia a fast food mais lenta que eu já vi na minha vida. Sério, demorou muito para recebermos nossos sanduíches, e olha que eles já estavam prontos! Mas mesmo assim deu tempo de pegarmos um pequeno show: A Legião Recruta! É um espetáculo para crianças, mas é muito divertido, com atores bem engraçados e capazes de personificar os quadrinhos. Parece que você está assistindo o gibi se mexer na sua frente... bem divertido! E deu para comermos com calma.
De lá fomos fazer a digestão caminhando por Petibonum! Lá tiramos as fotos que não podem faltar com o Astérix, Obélix, o bardo... enfim, fizemos a festa!
Já com o almoço bem digerido fomos para a última atração do nosso dia: La Trace de Hourra! Uma espécie de montanha russa sem trilhos, o carro parece mais carrinho de rolimã, só que a 60km/h. Foi onde tiraram a foto mais bonita da gente... saímos bem apesar de nem termos visto onde era a câmera, e de normalmente elas serem colocadas de forma que todo o mundo sai com cara de desespero. Compramos a foto e fomos às compras! Passamos os últimos 45 minutos antes do parque fechar visitando as lojas e fazendo contas. Foi a primeira vez que vi o Caike tendo um ataque de consumismo. Achei engraçadíssimo! E o legal é que as lojas são temáticas, com as aventuras mais conhecidas do Astérix, com temas do Egito, Índia, Vikings... é o maior barato! Só que caro.
Saímos carregados e fomos para o nosso ônibus colorido, e obviamente, dormimos a volta todinha.
Chegando novamente em Paris, fomos dar um pulinho estratégico na Gare Saint-Lazare, pois eu queria fazer as reservas dos meus trens para as semanas seguintes. Chegamos lá com o guichê quase fechando, mas a atendente foi muito legal e me atendeu até não poder mais, numa correria meio alucinante, eu com um monte de papel na mão com os horários e dias que eu queria reservar e ela me dizendo rápido o que dava ou não pra reservar (só alguns trens podem ser reservados, outros não) ou o que não valia a pena reservar. Numa correria louca reservei quase tudo o que eu precisava, faltando apenas umas 2 passagens, mais as mais importantes eu consegui! Paguei o valor extra das reservas (porque estava fazendo tudo com o meu europass) e saí aliviada.
Saímos da gare com o passo apertado, porque o entorno dessa estação é muito esquisito... não sei se era por causa do feriado, ou pelas obras na entrada, só sei que o número de mendigos e de pessoas esquisitas era bem maior do que a média do resto da cidade.
Voltamos para a estação de metrô mais próxima do hotel, resolvemos comer crêpe numa creperia chamada Crêpe à Gogo, um lugar muito simpático, com gallettes maravilhosas...
Fomos finalmente para o hotel, a noite já estava avançada e, depois da sessão de lavanderia no banheiro, dormi assim que encostei a cabeça no travesseiro. O dia seguinte prometia ser o mais longo de todos.



Um comentário:

  1. Ver o Caike saindo pelo ladrão.. e vc no entre o Asterix e o Obelix.. me traz uma nostalgia..

    Acho que vou caçar as revistinhas deles.. ^^

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