Turquia - 7° dia - Capadócia


Acordamos no nosso hotel maravilhoso com a vista cheia de balões... se a vista já era linda antes, com os balões ficou ainda mais mágica! O café da manhã estava simplesmente perfeito, sem dúvida o melhor da viagem em termos de variedade e qualidade da comida! E nós precisávamos de muita energia!

Vista do hotel com os balões
Esse dia foi totalmente dedicado a conhecer a Capadócia. Acordamos bem cedo para sermos os primeiros a chegar no Museu a Céu Aberto de Göreme. Mais tarde viemos a descobrir que chegar cedo também significa pegar bem menos sol e calor...

A Capadócia é uma região com uma paisagem única e com uma cara meio lunar... com suas rochas de origem vulcânica extremamente macias, o que as tornam fáceis de deformar pelos ventos ao longo do tempo, por isso o perfil da paisagem é realmente muito diferente. Além disso, suas rochas e solo foram usadas durante muitos séculos para escavar casas e até cidades inteiras. Göreme é uma dessas cidades!

As rochas "esburacadas" de Göreme
Criada por uma leva dos primeiros cristãos, que procuravam viver de forma monástica e eremita, pelos idos do século III, eles aproveitaram algumas construções já existentes e fizeram muitas novas, incluindo diversas igrejas, criando um grande complexo de cavernas.

A visita é um pouco cansativa, pois os quartos e igrejas ficam espalhados pelas rochas, como se fossem mini-montanhas, e durante o passeio se sobe e desce um monte de ladeiras e escadas!

Mas vale a pena cada gotinha de suor, pois o lugar é muito lindo e exótico! As igrejas são todas lindas e muito diferentes do que você poderia imaginar de igrejas em cavernas. Primeiro, elas são inteiramente escavadas, mas isso não as impede de ter colunas! Segundo, são todas lindamente pintadas por dentro! E o mais interessante, em algumas delas existem 2 camadas de pintura, pois a primeira camada decorativa, datada do início da ocupação de Göreme, era muito simples e limitada, e até o final do século XIII, novos afrescos, bem mais complexos, foram pintados por cima, e novas igrejas também foram construídas até o final desse período.

O único porém é que não podemos tirar fotos no interior das igrejas, nem sem flash :-(

No interior das igrejas não pode, mas algumas desabaram parcialmente e podemos ver as pinturas expostas!
Algumas igrejas também estão um pouco depredadas, pois depois que os cristãos abandonaram a região, os muçulmanos que chegaram depois simplesmente não entendiam o que eram aqueles afrescos, e alguns mais radicais tentaram até mesmo destruí-los (lembrem que para o islamismo a representação de criações de Deus, incluindo seres humanos, é vista como heresia). Isso também explica os nomes dados às igrejas: igreja da maçã, da sandália... pois os moradores do local não reconheciam os santos nem as imagens!

Depois de começar a sentir o calor que é capaz de fazer na Capadócia, fomos fazer outro passeio exótico: conhecer uma cidade subterrânea!

Como mencionei anteriormente, essa região é composta basicamente de pedra vulcânica, fácil de manusear (ela se desfaz com a unha!), e por ser muito erma, foi usada ao longo da história como esconderijo de diversos povos. Algumas das cidades subterrâneas dessa região datam da época dos Hititas (um povo conterrâneo dos egípcios, quem leu a Saga de Ramsés de Christian Jacq já ouviu falar deles), e diversas outras foram feitas ao longo dos séculos. As mais modernas foram feitas pelos cristãos que habitaram essa região, para servirem como esconderijo nos momentos em que foram caçados (primeiramente pelos romanos, e mais tarde pelos muçulmanos).

Uma das maiores galerias da cidade-caverna
Existem cidades subterrâneas de diversos tamanhos, que comportam diferentes quantidades de pessoas, com espaço para manter um estoque suficiente de comida para pelo menos alguns meses. E dentro dessas cidades tem de tudo, desde estábulos, até cozinha (com direito a uma chaminé que fique bem longe da entrada da cidade, claro), quartos de dormir, local para fabricação de vinho etc. tudo o que fosse indispensável para sobreviver.

Mas essa visita também não é para qualquer um, pessoas com claustrofobia e problemas cardíacos podem passar mal, pois as salas debaixo da terra são todas bem fechadas, com passagens pouco apropriadas para pessoas com mais de 1,60m. Em algumas dessas passagens até mesmo crianças precisam se abaixar, pois a idéia era manter o controle e dificultar a passagem de inimigos no caso deles descobrirem a localização dessas cidades. Até portas à la Indiana Jones foram usadas nessas cidades!

Para ter uma ideia do tamanho do corredor, eu, essa "enormidade" de pessoa, precisei me agachar assim!

As portas são grandes pedras que só podem ser movidas pelo lado de dentro
No caso da cidade que fomos visitar, ela foi descoberta recentemente (anos 90) por conta de uma galinha fujona. O fazendeiro, dono da área, que descobriu a cidade, alertou as autoridades, que confiscaram a sua terra, por conter um sítio arqueológico, e com o dinheiro que ele recebeu de indenização ele abriu a lojinha de souvenires que existe bem em frente à entrada. Não sei se ele fez um bom negócio, mas certamente a visita foi inesquecível! É realmente uma experiência única se sentir uma formiga debaixo da terra, passando por todos aqueles túneis... ah, e é frio lá embaixo! Apesar de não haver um sistema de ar condicionado, a porosidade da rocha funciona como um filtro de ar, purificando e gelando tudo! Quanto mais baixo e mais longe da entrada da caverna, mais frio!

Depois do choque térmico de sair da caverna para encontrar o calor da superfície, pegamos o nosso ônibus e fomos levados para uma loja de tapetes, outro ponto turístico que não dá para pular quando se vai à Turquia! O interessante dessas visitas é que você pelo menos aprende alguma coisa sobre o artesanato local, ao invés de apenas fazer compras.

A loja que visitamos funciona também como escola de tapeçaria, ensinando a jovens pobres (sempre mulheres) a ganharem um dinheiro extra para a sua família. E na entrada da loja tem um atelier onde um dos vendedores explica a diferença entre os tipos de nós usados na fabricação dos tapetes, a diferença entre os tipos de material utilizados, como se tinge cada tipo de material etc... tudo para você entender muito bem porque os preços variam tanto e justificar o valor cobrado na loja :-)

Jovem tecendo tapete, a velocidade com que elas tecem é incrível!
Brincadeiras à parte, a aula é realmente interessante. E a apresentação feita dos tapetes à venda, já na loja e depois de servirem um monte de tipos de bebidas (inclusive alcoólicas, o que demandam certo controle por parte do cliente que não quer gastar dinheiro), é muito bonita. Os tapetes em si são todos lindos, e aula que se tem sobre padrões, cores e tipos de tapetes falsificados é digna de um museu! Só que nesse museu você pode comprar as peças que você gostou e levar pra casa. Eu, como sou alérgica, usei do meu autocontrole para não comprar nada. Foi muito difícil, mas eu consegui.
Alguns tapetes são tão detalhistas que mais parecem quadros!
Como a compra de tapetes pode ser um processo um pouco demorado (não só pela escolha do tapete, mas também pela negociação do preço a ser pago – afinal estamos falando da Turquia), o grupo se dividiu entre aqueles que iriam comprar tapetes e aqueles que estavam com fome. Os primeiros ficaram até mais tarde na loja, enquanto os segundos foram direto para um belo restaurante que é uma réplica de um caravançarai (lugar para descanso e pernoite para as antigas caravanas). O restaurante por si só era uma atração, mas, além disso, a comida era muito boa e bem servida, apesar de não haver menu. O sistema era de entrada, prato principal e sobremesa, com algumas poucas opções de cada prato. Mas o preço era justo, e eles aceitavam cartão de crédito.

Depois de um almoço bem demorado, o que foi muito bem vindo, fomos visitar o “vale das fadas”. Lembra que eu mencionei que a Capadócia tem o solo feito de uma rocha vulcânica fácil de ser moldada? Pois bem, cada camada do solo tem uma facilidade um pouco diferente de ser moldada pelos ventos, e com isso, ao longo dos séculos, foram sendo criadas, naturalmente, diversas estruturas que se assemelham a cogumelos, daí o apelido de vale das fadas. Outros nomes mais vulgares também são usados pela população local, mas isso eu deixo para a imaginação de vocês.

Vale das Fadas
E foi durante esse passeio que eu entendi o que é o clima continental durante o verão... a Capadócia é um lugar de extremos, chega tanto a -20° no inverno quanto a 50° no verão. E eu juro que fica mais quente do que no Egito quando chega a 50°! Nunca imaginei que fosse visitar um lugar nessa temperatura... e como o clima é extremamente seco, a diferença de temperatura entre a sombra e o sol é bizarra! Na sombra chega até a ser agradável, enquanto debaixo do sol de 50° a coisa fica bem complicada. Mas como as rochas são muito porosas, qualquer caverna parece ter um ar condicionado natural, o que facilita muito a exploração do vale.

Na sombra é muito mais agradável...
Esse tipo de formação rochosa é encontrada facilmente em toda a região, e algumas chegam a ter formatos mais peculiares e recebem nomes especiais, como “3 reis magos” e o “camelo”.

O Camelo
Toda a região parece um verdadeiro queijo suíço, pois em todas as rochas tem cavernas escavadas pelo homem, mas algumas estruturas merecem uma atenção especial, como o castelo que demos uma paradinha para ver de mais perto. E, aproveitando a parada técnica, encontramos um barzinho para tomarmos um chá gelado enquanto curtíamos um calor digno do Rio de Janeiro no auge do verão. Ok, talvez fosse pior.

"O Castelo" mais parece um queijo suíço

Depois de derreter o cérebro no calor de 50°, nossa guia nos levou para conhecer outro “artesanato” típico da região: o trabalho de ouro e prata com pedras preciosas. E claro, a pedra mais famosa da Turquia: a turquesa. Lá aprendemos também a distinguir a pedra falsa da verdadeira, o único problema é que quando a cópia é boa só dá para ver se a pedra é verdadeira ou não se a quebrarmos. Não adianta muito, né? Mas a visita valeu à pena, pois a loja era realmente muito bonita e os preços realmente tentadores.

Após essa visita, o nosso grupo se dividiu novamente, pois nem todos queriam assistir ao show dos dervixes rodopiantes. Claro que eu e o Caike fomos ver os sufis dançando. A cerimônia (chamada Sema na Turquia) foi realizada num lugar muito interessante, pois era numa casa com um jeito bem simples, com uma pequena loja de souvenires no térreo, e uma escada que dava para o subsolo. O subsolo era um salão imenso e frio (por causa da rocha porosa), que mais parecia um local de encontro religioso mesmo.

No centro do salão tinha um palco redondo, onde seria realizada a sema. A cerimônia foi realizada por um grupo de 4 dervixe, mais 3 sufis que serviram apenas de músicos, e mais o mestre do grupo. Como é uma cerimônia religiosa, não podemos tirar fotos, mas isso não faz a menor diferença, pois o importante ali certamente não era a parte visual (apesar de ser muito impressionante).

A cerimônia começa com os músicos tocando uma linda música sufi, daquelas que só de ouvir você começa imediatamente a meditar, depois entra o mestre e os demais dervixes, que seguem todo um cerimonial específico, que tem um simbolismo lindíssimo (isso pode vir a ser um post no futuro...), e no final o mestre faz um sermão com base no corão ou em ensinamentos sufis (essa parte eu não entendi nada snif snif snif). A entrega dos dervixes era tão grande que dava para perceber as variações mais ínfimas na música, de forma que todos eles paravam de rodopiar ao mesmo tempo... e depois de umas duas sessões de rodopio já dava para saber quando eles iriam parar. Algo realmente mágico de se ver.

O bacana mesmo é a experiência de assistir o sema, pois se você der sorte de assistir um ritual de verdade, é algo realmente fantástico! A sensação que eu tive foi de estar dançando e meditando junto com os dervixes... saí de lá extasiada! Foi uma das coisas mais lindas e emocionantes que já vi. Mas não é todo o mundo que entra nesse clima...

Durante a cerimônia não pode tirar foto, mas depois os dervixes dão uma palhinha para os turistas registrarem
Depois da cerimônia voltamos para o nosso hotel na caverna, e fomos jantar junto com o casal paulista. Dessa vez eu e o Caike pedimos um “Celtik Kebab”, que era um prato de carne de carneiro com batata palha e iogurte, enquanto o casal pediu peixe. Para variar tudo estava divino! Apesar de confessar que eu gostei mais do prato que eu havia comido no dia anterior...

Após o jantar fomos direto dormir, pois o balão sairia absurdamente cedo no dia seguinte.

Turquia - 6° dia – Konya e Capadócia



Acordamos às 5 horas da manhã, pois precisávamos fechar as malas, tomar banho e um belo café da manhã, pois passaríamos praticamente todo o dia dentro do ônibus, que saía às 7h da manhã, na maior “perna” da nossa viagem.

Infelizmente o café da manhã não foi ao ar livre (como eu gostaria, afinal o jantar havia sido maravilhoso), e a comida era muito simples mesmo, o que era de se esperar pela estrutura do hotel. Mas o que eles tinham era gostosinho. Como fui antes do Caike para o salão, me sentei perto do Buffet, para garantir que ele me acharia com facilidade, e confesso que fiquei me divertindo enquanto esperava vendo as pessoas tentarem usar a máquina de café/chá/chocolate quente. A máquina tinha uma quantidade realmente grande de botões e duas saídas para os líquidos, então invariavelmente as pessoas erravam e perdiam parte da sua bebida ou faziam lambança.

Terminando o café fui para o ônibus, só para descobrir que tinha tanta gente indo embora no mesmo dia e na mesma hora que parte das malas do nosso grupo (incluindo as nossas) simplesmente ainda não havia chegado. Algumas pessoas ficaram muito preocupadas, achando que elas poderiam ter ido parar em outro ônibus, mas no final deu tudo certo, elas só demoraram mais a chegar mesmo.

A previsão era de ficarmos pelo menos 4 horas e meia dentro do ônibus (sem contar as duas paradas técnicas programadas) até chegar a Konya, a capital espiritual da Turquia. Na primeira parada técnica aproveitamos apenas para ir ao banheiro, pois dormimos direto, com direito a música sufi de fundo, que a nossa guia colocou justamente para a galera poder descansar mais um pouco. Na segunda parada técnica fizemos um lanche/almoço. Paramos num tipo de restaurante, mas que só serve lanchinho, e comemos um prato típico da região: bidê (se fala bidê mesmo!), conhecido também como pizza turca, mas que também lembra uma esfirra aberta. O prato tinha 3 sabores disponíveis: carne, queijo ou misto, e sem saber que a carne era apimentada pedimos o misto, o que foi um erro, pois foi difícil de comer e como eu pedi um chá que veio muito doce, a bebida não ajudou a aliviar o ardido da pimenta.

Vista do Castelo de Algodão ao caminho de Konya...
Aproveitamos novamente para ir ao banheiro, só que o lugar era tão grande que eu me perdi. O inglês tosco dos funcionários também não ajudou em nada. A única vantagem é que eu não paguei para entrar no banheiro, pois entrei pelo lado errado (desconfio que era a entrada dos funcionários) e não passei pelo controle.

Saindo do restaurante e voltando para o ônibus, nossa guia começou a nossa aula sobre o interior da Turquia e o Sufismo, tão presente e importante nessa região. O Sufismo é o lado místico do islamismo e durante muitos anos (e em alguns países até hoje) ele foi proibido por ser considerado uma heresia (no caso da Turquia acredito que ele tenha sido banido pelo Ataturk porque era considerado uma ameaça à laicidade do estado). O Sufismo tem diversas vertentes diferentes, mas na Turquia é muito associado ao poeta e mestre Rumi, que apesar de ser persa e ter nascido numa região que hoje pertence ao Tadjiquistão, ele morou a maior parte da sua vida em Konya, e foi lá que ele escreveu todas as suas obras de importância. Mevlana Jalal ad-Adin Rumi, viveu no século XIII e sua obra influenciou o mundo todo. A maior parte dos grandes pensadores que vieram depois dele leu sua obra e foi influenciado por ela de alguma forma.

Outro personagem importante no folclore dessa região é o famoso Nasrudin, que apesar de ter histórias absolutamente folclóricas, foi um personagem real. Suas anedotas são mundialmente conhecidas e ele encarna o papel do sábio tolo, que assim como o bobo da corte medieval, se utiliza de sua própria tolice para dizer a verdade que ninguém tem coragem de dizer. Mestre Nasrudin também é utilizado no sufismo, onde através de suas anedotas e histórias engraçadas são passados diversos ensinamentos (a tradição oriental sempre foi muito baseada em histórias, e os ensinamentos são passados diversas vezes de forma oral, através de histórias curtas e anedotas).

Para amenizar a chatice do ônibus, nossa guia, Tina, passou as horas depois do almoço contando histórias dele, o que tornou a viagem até Konya muito mais interessante e divertida. Mas chegando a Konya, nós fomos visitar o a escola criada por Rumi, que é mais conhecido por suas poesias, especialmente as de amor.

A escola de Rumi hoje é um museu, e peregrinos sufis e muçulmanos do mundo inteiro vão até lá para rezar no seu túmulo. Com um ambiente agradável e um lindo jardim em torno das construções, hoje se visita o seu túmulo como se fosse mesmo um museu. Seu imenso caixão de pedra, coberto por um tecido verde, fica numa grande sala, juntamente com os caixões de outros mestres e sufis proeminentes, e todos têm turbantes em cima, e o tamanho do turbante indica a importância do morto. Por ser um local de peregrinação, apesar da quantidade imensa de pessoas visitando o museu, a sala permanece em silêncio. É proibido tirar fotos (apesar de algumas pessoas tirarem mesmo assim, especialmente os chineses e japoneses), e muitos aproveitam para orar o mais perto possível de Rumi, e outros aproveitam para orar para as diversas relíquias que também estão dispostas no local.

Museu Rumi
Nos antigos quartos destinados aos sufis que viviam ou visitavam a escola, hoje há uma exposição sobre a cultura sufi, suas vestimentas, hábitos e instrumentos musicais. Ah, sim, os sufis são muito conhecidos pela sua música, e Rumi fundou uma das ordens sufis mais conhecidas do mundo: a ordem dos dervixes rodopiantes. Rumi criou um ritual onde alguns sufis tocavam música, enquanto outros entravam em estado meditativo e em êxtase rodopiando sem parar, tudo sob a tutela de um mestre, que conduz a cerimônia, chamada de Sema na Turquia. Aliás, é dessa cerimônia que deriva a dança egípcia Tanoura.

Nays - flautas de madeira muito usadas na música sufi
Rababas - uma espécie de violino antigo, também muito presentes na música Sufi
Kudum - um dos instrumentos de percussão usados pelos sufis
Infelizmente nossa visita ao museu foi muito curta, e não pude meditar perto do túmulo de Rumi. Além disso, precisei ir ao banheiro, que tinha uma fila simplesmente gigantesca, e acabei também não podendo aproveitar o jardim do museu... pelo menos na saída consegui comprar uma das obras de Rumi que é muito difícil de encontrar.

O jardim do museu
Um exemplo da sua poesia:

Seja como o sol pela graça e misericórdia
Seja como a noite para cobrir as faltas dos outros
Seja como a água corrente pela generosidade
Seja como a morte para a raiva e o ódio
Seja como a terra pela modéstia
Pareça ser aquilo que você é
Seja aquilo que você parece ser

É ou não é apaixonante?

Aproveitando o clima do museu, nossa guia, Tina, aproveitou para ler alguns dos seus poemas durante o resto da viagem para a Capadócia. Dessa vez, fizemos apenas uma parada técnica antes de ir para o nosso hotel. Nessa parada aproveitamos para lanchar, eu e o Caike pedimos uma tost (um tipo de sanduíche na chapa), e eu pedi minha bebida turca favorita: o ayran. O serviço do lugar era muito confuso, e foi complicado conseguir o nosso lanche. Quando a Tina me viu com aquele copo de iogurte na mão ela comentou que eu estava realmente parecendo uma turca, visto que a maioria dos turistas não gosta dessa bebida salgada.

Chegando na Capadócia, pela primeira vez o grupo se dividiu, pois parte do grupo havia pago o adicional para ficar no hotel da caverna, enquanto os outros ficariam num hotel comum. Por isso aqueles que ficariam nos hotéis das cavernas (um grupo de paulistas escolheu um hotel diferente daquele sugerido pela agência de viagens, apesar dos hotéis serem um do lado do outro) seguiram viagem numa van, enquanto o resto seguiu no ônibus junto com a guia e Selim, nosso motorista.

A Capadócia vista do nosso hotel
Agora vou dizer uma coisa: valeu cada centavo o extra que pagamos pelo hotel na caverna. É o hotel mais chique que já fiquei ou vi ao vivo. Era tão chique que fomos recebidos com uma linda bebida gelada feita com especiariais! O hotel em si era uma atração! Encravado numa montanha, com absolutamente todos os cômodos feitos de pedra, o hotel era um luxo só! E não só na construção e na vista simplesmente divina, mas também nos detalhes, tudo dentro do hotel era lindo. Ele era bem decorado, o serviço impecável, e o quarto... nossa! O que era aquilo! O banheiro era gigantesco e tinha uma jacuzzi imensa para duas pessoas e um chuveiro daqueles bem modernos, com jatos de água saindo das paredes.

A recepção do nosso hotel
Fomos recebidos com uma bebida gelada a base de especiarias que era uma delícia!
A decoração do hotel era uma atração à parte, e atrás do hotel vemos as antigas cavernas usadas por séculos pelos moradores da região
Como ainda tínhamos que jantar antes do show da dança que assistiríamos a noite, tomamos banho no chuveiro modernoso, o que foi uma experiência muito interessante, pois ajustar os jatos para eles baterem nos locais certos o não na sua cara não é uma tarefa tão simples assim. E como eu e o Caike temos alturas muito diferentes, cada um precisou ajustar o chuveiro para si.

Apesar de termos combinado com outras pessoas que estavam na nossa excursão para jantarmos juntos, quando chegamos no local combinado não havia ninguém, e como na espécie de barzinho aberto estava muito quente e ventava muito, resolvemos jantar no restaurante do hotel. O cardápio era extremamente variado e não era proibitivo, apesar do restaurante ser absurdamente chique. Eu pedi um kebab (todo prato com carne se chama kebab na Turquia) ao molho de iogurte com ervas e purê de berinjela, que estava tão divino que nem dá para descrever. O Caike pediu um prato típico turco: o kebab de pote. Esse prato tem uma apresentação realmente única: o kebab é cozido dentro de um pote de barro, que precisa ser quebrado para se servir da carne feita no molho de tomate e especiarias. É realmente algo bonito se ver, apesar de eu ter preferido o sabor do meu prato.

Nosso jantar super chique! Repare no pote de barro no prato do Caike
Terminando o jantar, encontramos os demais turistas para pegar o nosso transfer para o show de danças típicas no Harmandali. O transfer era uma van muito modernosa, cheia de luzes coloridas por dentro e o interior imitava madeira. A idéia era ser chique, mas o resultado não era bem esse.
Euzinha na entrada do Harmandali
Eu fiquei super feliz por ter conseguido ir nesse show, pois a estrela da noite não é ninguém menos do que a nossa carioquíssima Clara Sussekind! Eu já conhecia o trabalho da Clara há muitos anos e sempre fui fã, mas desde que ela foi para a Turquia eu só pude vê-la uma vez, e para variar ela havia arrasado no show. Como eu poderia ir à Capadócia e não ver a mais famosa bailarina de dança do ventre atualmente na Turquia??? Até a nossa guia (que a conhece pessoalmente) contou que os turcos vão à Capadócia só para assisti-la. E agora ela vai fazer o maior sucesso por aqui também por conta da nova novela da Globo, onde ela aparece dançando...

Enfim, chegamos ao Harmandali, que é na verdade um restaurante com show de danças. O salão onde acontece o show é uma grande arena que lembra um ouriço, pois ao redor da arena tem corredores amplos com níveis onde eles colocam as mesas para as pessoas assistirem o espetáculo. Nesse restaurante se apresentam a Clara e uma companhia de danças folclóricas turcas. E nós ficamos bem de frente para a entrada! O lugar perfeito para ver o show!

Durante o show, os espectadores são servidos com pratos de frutas e alguns petiscos, para serem consumidos à vontade, além de bebidas de todo tipo, tudo à vontade também (incluindo bebidas alcoólicas), eu aproveitei para tomar Raki, um tipo de cachaça feita de anis, conhecida no mundo árabe como arak e na Grécia como uzo.

A nossa mesa ainda desfalcada do pessoal que não ficou no hotel da caverna
A primeira dança foi uma dança da companhia de danças folclóricas, e era uma dança típica de casamento (ou assim pareceu rsrsrsrs), teve muito interação com o público, pois foi escolhida uma mulher da platéia para ser a “noiva” e então ela precisava escolher entre homens (também da platéia) qual seria o “noivo”. A brincadeira teve direito a fazer o público dançar em roda e tudo o mais, os turcos sabem fazer um show!

A dança de casamento
Antes da interação com o público rolou algo parecido com dabke, mas era mais suave...
Depois veio uma apresentação de uma dança de roda, de homens e mulheres, que eu classificaria como dabke turco, pois é feita em linha e a pessoa que está na ponta vai puxando os passos para os demais seguirem segurando um lenço. No final novamente o público foi chamado a participar da roda, e eu fui dançar cheia de raki nas idéia... e a dança turca, assim como o dabke árabe, exige muito das pernas, com muitos agachamentos... novamente foi muito divertido. Em seguida entrou a nossa querida Clara numa tanoura... ah, que coisa linda que é vê-la dançando e rodopiando... fiz questão de filmar!

Esse sim seria o dabke turco, com muito trabalho de pernas e marcação de ritmo!



Logo depois entraram novamente as mulheres do grupo de dança folclórica, interpretando a dança cigana turca! Gente, eu não curto dança cigana, mas amo a dança cigana turca de paixão! Que coisa linda e forte! Adoro os seus movimentos de força pélvicos, a forma como elas batem no próprio corpo e suas expressões! E essa apresentação foi longa, pois depois entraram os homens, fazendo uma dança cigana mista, seguida da representação de um duelo entre ciganos! Eu mencionei que os turcos sabem fazer um bom espetáculo?

Dança cigana turca
Adorei o chapéu cigano dos bailarinos
Depois de toda a emoção, veio um pequeno intervalo, com direito a salsa de música ambiente, e um casal jovem e muito sem noção resolveu se exibir... coisa mais desnecessária... a menina estava um pouco sem graça, mas o rapaz queria mostrar como ele era bom e podia passar a mão na bunda da menina, que estava com uma saia curta digna de baile funk... o grupo deles aplaudiu muito, mas o resto dos espectadores estava meio sem graça. Quando eles se sentaram, um casal de senhores (de uns 60 anos) resolveu mostrar o que é dança de salão de verdade... e gente, que diferença! Tão elegantes... era realmente uma dama e um cavalheiro dançando... lindos de morrer! Foram muito mais aplaudidos.

Depois do intervalo, o show recomeçou com uma apresentação do grupo de dança folclórica, uma apresentação muito feia e ruinzinha de dança do ventre (as bailarinas desse grupo não eram muito boas... sabe bailarina que “não entra em cena”? Fica repetindo mecanicamente a coreografia pensando em outra coisa? Agora acrescente uma técnica visivelmente ruim). E logo depois delas entra novamente a Clara! Não teve para ninguém! Nossa brasileira arrasou com uma linda dança dos 7 véus, seguida de espada, solo de derbake e dança cigana! Clarinha ficou 20 minutos em cena, e saiu com o público pedindo mais!

Uma das coisas mais estranhas que eu já vi... o shimmie delas era de pé! Sério, ao invés de usar os joelhos ou quadril elas usavam mini saltinho para fazer shimmie... algo bem africano na verdade...





Em seguida voltaram as mulheres do grupo de dança folclórica com uma dança muito diferente, todas vestidas de branco e algo que parecia taças e pratos com velas nas mãos. Depois vieram os homens do grupo, para fazer o fechamento do show, e que despedida sensacional que eles fizeram! Foi o momento em que cada bailarino desafiava o outro a fazer algo ainda mais complicado! Esses homens têm pernas, meu deus! Em seguida abriu-se uma espécie de pista de dança, e adivinha o que tocou? Michel Telo!!!! E Conga!!! Eu não sabia se ria, chorava ou dançava.

Dança esquisita...
Resolvi que era melhor correr atrás da Clarinha para bater um papo rápido e tirar pelo menos uma foto com ela!

Eu e Clara Sussekind! Não é uma fofa?
O resto do pessoal do nosso hotel também não ficou muito animado com a pista, e logo estávamos todos de volta no transfer. Chegando ao hotel, e ainda animados com o show da noite, fomos para o tal barzinho ao ar livre do hotel para tomar um çay (chá), quando o sono bateu de verdade, fomos todos dormir... o dia seguinte também prometia!

Turquia – 5° dia – As grandes maravilhas turcas do mundo antigo


Nesse dia acordamos absurdamente cedo, pois a idéia era chegar em Éfeso no máximo às 8h da manhã (dali a alguns dias eu precisaria rever o meu conceito de absurdamente cedo). Tomamos nosso café da manhã no mesmo local que foi servido o jantar, e novamente o serviço e a comida foram ruins. Sério, houve um momento em que o pão tinha acabado, e ficou uma fila imensa para esperar chegar a próxima leva e cada um poder se servir. A pouca variedade de comida simplesmente não combinava com o hotel, apesar de combinar com o cheiro horroroso de cigarro do nosso quarto.

Pegamos então o nosso ônibus (era sempre o mesmo, com o mesmo motorista, Selim – uma simpatia que ainda fornecia água geladinha no ônibus por um preço amigável) e fomos para Éfeso. Agora vou fazer uma pequena pausa, só para explicar que nada se compara a Éfeso. Tudo o que já tínhamos visto até então (e eu havia avisado o maridão disso, pois fui a Éfeso em 97) não chega aos pés de Éfeso. Talvez o Egito, mas o Egito é em outra escala, e mesmo assim não tem uma cidade inteira para visitar. Pois é, é isso mesmo, Éfeso é uma cidade-museu. Ela foi abandonada e ficou escondida debaixo da terra por muitos séculos.

Para melhorar, nela ficava uma das 7 maravilhas do mundo: o Templo de Ártemis, que hoje está completamente destruído, tendo sobrado apenas 1 pilastra de pé e mais nada. Além disso, ela é conhecida por ser mencionada na Bíblia, no livro do Apocalipse, como uma das 7 igrejas da Ásia.

O que sobrou do Templo de Ártemis, uma das 7 maravilhas do mundo antigo
E só para ter uma idéia de como esse sítio arqueológico é grande, Éfeso, no seu auge, chegou a abrigar 250 mil pessoas, sendo a segunda maior cidade do mundo nessa época. Não é pouca coisa! Mas a cidade perdeu importância, conforme o seu porto deixou de existir, ao ser assoreado pelo rio Caístro.

Éfeso é habitada hoje em dia pelos gatos, que são uma atração a parte!
A visita a Éfeso começa por uma larga avenida (até o chão é original), por onde se vê diversos tipos diferentes de templos, e alguns prédios mais diferentes, como um banheiro público, usado pelos nobres. No meio dessa avenida tem um portal que é conhecido como portal de Hércules, pois tem uma estátua da figura mitológica esculpida em suas pilastras. Dizem que quem consegue passar pelo portal colocando as mãos nas suas duas extremidades ao mesmo tempo terá um pedido atendido. Confesso que eu nem tentei, mas o Caike conseguiu facilmente.

A Avenida já quase no final...
Caike no Portal de Hércules
No final dessa avenida tem uma praça, que é onde fica a Biblioteca de Celso, uma das maiores atrações de Éfeso! A fachada ainda está de pé, e é uma das coisas mais lindas do mundo! E de frente para a biblioteca aproveitamos para tirar uma linda foto em grupo com o pessoal do tour! Era na mesma praça também que ficava o bordel da cidade... em uma das outras ruas que chegam lá há até mesmo um anúncio gravado na pedra do calçamento louvando a beleza das suas mulheres... provavelmente o anúncio mais antigo do mundo da profissão mais antiga do mundo (mas infelizmente essa rua estava em restauração e não pudemos ver ao vivo).
A praça com a biblioteca de Celso ao fundo!
Atravessando mais um arco, chegamos numa grande área aberta, onde há mais uma avenida, dessa vez sem prédios visíveis, além do teatro... esse sim é a maior atração da cidade museu! Com espaço para 25 mil espectadores, o teatro é simplesmente gigantesco! Ele é tão grande que é preciso ficar numa boa distância para poder enquadrá-lo numa foto!

O arco que dá para o anfiteatro
A vista do alto da arquibancada do teatro
O tamanho do monstro!
Agora como foi a minha segunda visita a Éfeso, uma das minhas maiores diversões durante a visita (além de me deslumbrar novamente com o lugar e me divertir com os gatinhos que habitam as ruínas) foi ver a cara do Caike! O assombro dele era lindo de ver!

Mas ainda bem que fizemos essa visita de manhã cedo, pois as ruínas de Éfeso ficam lotadas depois de certa hora da manhã, além do calor tornar a visita infernal depois das 10h, pois não há sombra! E como as pedras são todas brancas (incluindo o piso original), o calor todo reflete em cima da gente... a garrafinha de água se mostra essencial! Ainda mais porque não há fontes nem lojinhas no museu a céu aberto.

Mas na lojinha do lado de fora do museu eu me senti na Grécia! Um monte de estátuas gregas lindas... aproveitei para aumentar a minha coleção, é claro.

Saindo de Éfeso, fizemos uma parada numa loja de um dos produtos mais tradicionais da região: o couro. E não é um couro qualquer! Sabe aquelas marcas de alta costura das mais caras que você puder imaginar? Pois bem, elas todas fazem as suas peças de couro nessa região da Turquia, pois é nesse local que se produz um dos couros mais finos leves e resistentes do mundo! Coisa chique mesmo. Só que indo direto na fábrica as coisas saem bem mais baratas. Mas isso é só em comparação com os preços praticados na Europa e nos EUA, porque nada ali é realmente barato não.

A visita foi extremamente divertida, pois fomos recebidos com um DESFILE de moda, com direito a bloquinho para você marcar o número das peças que você gostou para ver melhor na loja depois. O desfile foi bem bonitinho, com direito a coreografia marcada com a trilha sonora e tudo, além da participação especial de turistas escolhidos na hora. Turista para se divertir mesmo precisa saber pagar mico com um sorriso no rosto :-)

Pelo menos a visita foi bem tranqüila, pois eles só recebem um ônibus de turismo por vez...

Pois se Éfeso estava cheio, nada me preparava para a atração seguinte: a casa da virgem Maria. A visita em si é bem chatinha, pois não há nada para ver a não ser uma casa construída em cima do suposto local onde a virgem passou os seus últimos anos, que tem uma capelazinha (a história de como se “descobriu” a localização dessa casa pode ser encontrada na história de AnnaCatarina Emmerich). Tem também uma fonte de água que dizem ser benta (a lojinha do local até vende essa água engarrafada em potinhos fofinhos de diversos tamanhos – nós inclusive compramos um para a mãe do Caike, mas trocamos a água pela água da fonte só para garantir) e uma parede imensa onde as pessoas prendem pedaços de papel com pedidos para a virgem. Para se ter uma idéia da falta do que fazer, o que o Caike mais gostou da visita foi uma cisterna do século I.
A cisterna do século I
Apesar da visita ser sem graça para não-católicos, os cristãos pareceram gostar muito, havia inclusive um grupo acompanhado de um padre que estava fazendo uma missa ao ar livre. Além disso, no local há um restaurante bem legalzinho, com uma comida honesta. E como não tínhamos muito que fazer, aproveitamos para almoçar com calma, o que foi bom.

Nosso almoço na Casa da Virgem
Saindo da Casa da Virgem, fomos para Pamukkale, que também é conhecida como o Castelo de Algodão. Lembra do Hospital de Pérgamo? Os doentes rejeitados pelo hospital peregrinavam para esse local, que é uma grande estrutura gerada por erupções vulcânicas e por fontes termais ricas em cálcio. O nome é auto-explicativo quando se vê o lugar...

O Castelo de Algodão
Com suas rochas extremamente brancas e piscinas naturais que se seguem em cascata, a montanha parece mesmo feita de algodão. Segundo a guia toda a estrutura é natural, mas um engenheiro do grupo duvidou muito disso! Natural ou não, a vista é deslumbrante! E a água das piscinas é uma delícia de quentinha!

Aproveitando a água quentinha...
Agora, Pamukkale é mais uma prova de que a Turquia e o Brasil são muito parecidos, pois no momento a atração está passando por uma revitalização delicadíssima, porque há alguns anos suas fontes e piscinas ameaçaram a secar completamente! Sabe por quê? Porque construíram alguns resorts nessa região que resolveram desviar as nascentes naturais que abasteciam o Castelo de Algodão para usar nas suas piscinas particulares. Triste, né? Quando se descobriu a razão pela qual Pamukkale estava secando foi uma comoção nacional! E os resorts foram devidamente demolidos. Porém o estrago já estava feito, e agora geólogos e engenheiros estão tentando reverter o processo, o que inclui o fechamento de metade das piscinas ao público.

Mas demos sorte, pois pegamos a maioria das piscinas abertas ao público cheias (o que não acontecia desde o ano passado segundo a nossa guia). E pudemos desfrutar das águas termais misturadas com o pó de cálcio, que geram uma espécie de laminha que é muito gostosa de passar na pele (e dizem que ainda faz bem). As primeiras piscinas foram mais difíceis de visitar, pois o chão é cheio de pedrinhas e dói andar descalço (não pode entrar de sapatos, nem chinelo), porém as piscinas seguintes são bem mais fáceis de visitar, pois o chão vão ficando cada vez mais “amigável” conforme se desce a estrutura.

A laminha...
Além disso, em Pamukkale tem as ruínas de outra cidade grega importante: Hierápolis. Não chegamos a visitar as ruínas com calma, apenas passamos por elas para chegar ao Castelo de Algodão, vimos o anfiteatro de longe, mas demos um pulinho da Antique Pool, que é uma piscina pública, onde se paga entre 20 e 30 liras turcas (entre 20 e 30 reais) para entrar na água. O legal dessa piscina é que ela foi construída em cima das ruínas, então você pode simplesmente nadar entre as colunas gregas... não é o máximo?

As colunas dentro da Antique Pool...
O teatro de Hierápolis ao fundo
Outra coisa interessante sobre Hierápolis é que é nessa cidade que se encontra a maior necrópole do mundo antigo! O que é bastante óbvio, dado que todos os doentes terminais iam para lá em busca de um milagre nas fontes termais.

Depois de visitar a Antique Pool, saímos correndo para tentar chegar a tempo no ônibus (não queríamos ser os últimos a chegar de novo), e nos perdemos. Acabamos por pegar um caminho muito maior do que o previsto, mas ainda assim não fomos os últimos, ufa!

Fomos então para o nosso hotel do dia, um hotel com uma estrutura bastante simples (parecia um hotel fazenda brasileiro), mas com um mini parque aquático com piscinas termais que jamais se encontraria por aqui. As piscinas termais na verdade era uma sucessão de piscinas ligadas a uma piscina do tamanho de uma jacuzzi, essa sim alimentada pela fonte termal, e conforme se distanciava da fonte mais fresca ficava a água. Uma delícia no final de um dia estafante e tão cheio de visitas. Mas como em toda piscina termal, só pudemos ficar no máximo 20 minutos, pois senão o corpo começa a reclamar do excesso de calor.

Além da piscina, aproveitamos para experimentar um novo conceito de limpeza de pele: o doctor fish! São peixes bem pequenos que se alimentam de pele morta, eles são colocados num aquário onde você põe os seus pés e deixa-os fazer um trabalho melhor do que qualquer pedólogo. A sensação é muito engraçada, pois no início você sente muita cosquinha com os peixes te mordiscando, mas depois de um tempo nos acostumamos e a sensação passa a ser gostosa. E como ficamos de papo com a moça responsável pelos peixes, ainda ganhamos uns minutinhos extras de presente pela nossa lua de mel. Se alguém souber de um lugar no Rio de Janeiro onde tem esse peixe (por um preço razoável!) me avise! Nunca vi o meu pé tão bonito...

Doctor Fish em ação!
Depois de toda a bagunça, voltamos para as águas, mas dessa vez para tomar banho! E novamente nos divertimos, pois no banheiro havia uma plaquinha com as políticas do hotel com relação ao uso da água e das toalhas... só que o inglês não fazia o menor sentido! O Caike riu até não agüentar mais! Só paramos de rir quando vimos o preço do frigobar, acho que era o mais caro de toda a viagem!

A plaquinha em "ingrish"
Para fechar o dia com chave de ouro, o jantar foi servido ao ar livre, com direito a violão ao vivo! Uma delícia! Um dos pontos altos do jantar foi um tipo de panqueca grossinha (parecia quase um pão) recheada de queijo e ervas... uma delícia! E aproveitamos para levar uma garrafa de 2 litros de água para o quarto, pois ela saía mais barata do que as garrafinhas de 500ml do frigobar.

O ambiente estava tão agradável que nos deixamos ficar até sermos expulsos pelos garçons e a comida ser toda retirada do Buffet. Por conta disso, fomos dormir muito mais tarde do que prevíamos, e o dia seguinte prometia ser muito cansativo, pois passaríamos a maior parte do dia no ônibus em direção à Konya...