25/26 de abril - A CHEGADA



Chegamos na Europa por Madrid, num vôo muito tranquilo da Ibéria, onde já fomos logo começando a degustação de vinhos. Eu pedi um branco e o Caike um tinto, ambos espanhóis, mas muito bonzinhos (naquele momento eu os classifiquei como muito bons, mas meu nível subiu depois de 30 dias na França, fazer o quê?). Bom, troca de copos pra lá, garrafas miniatura pra cá, os vinhos resultaram num sono maravilhoso... nada como álcool em quem não bebe pra fazer dormir. Era tudo que eu precisava pra começar as minhas férias.
Chegamos na migração espanhola mortos de medo por conta da novela das autoridades espanholas com os turistas brasileiros. Não sei se foi por causa das nossas caras de turistas inocentes e que voltariam pra casa, nossos passaportes já carimbados (o meu com o Japão, o do Caike com visto americano e uma entrada na Espanha no ano anterior, a caminho da Inglaterra), simplesmente sorte ou se as coisas realmente mudaram, só sei que não pediram nada, nem reserva de hotel, nem passagem de volta (pra mim, pelo menos), nem quantia de dinheiro sendo levada, fizeram uma meia dúzia de perguntas apenas pro Caike (a última foi "Ah, você esteve aqui ano passado?") e carimbaram tudo. Muito mais fácil do que eu imaginava (estava tão preocupada que levei tudo: carteira de trabalho assinada, contra-cheque...).
Beleza, agora só faltava achar o terminal da nossa conexão para Paris. Sério, como o aeroporto de Barajas é grande! Tomamos um trem (é sério, parece mesmo um metrô) que demora uns 3 ou 4 minutos se deslocando dentro do aeroporto e andamos, andamos e andamos para conseguir chegar no local indicado no bilhete. Só para descobrirmos que o vôo tinha mudado de portão e sairia de onde chegamos. Palhaçada. Mas estávamos a caminho de Paris! Fazer o quê? Andar, andar, andar, pegar trem, andar, andar e andar. Ainda bem que nossas malas iam direto.
Já era meio dia quando finalmente embarcamos, após um lanchinho rápido mas muito providencial numa lanchonete em frente ao portão de embarque, e que, por sinal, foi a salvação, já que nos vôos dentro da Europa (pelo menos nos da Ibéria Madrid - Paris) bebida e comida são pagos a parte, e no cartão de crédito. Um absurdo, na minha opinião, mas fala sério, eu tava mais era querendo chegar logo a Paris!
Chegamos bem mais cedo do que esperávamos, o que foi ótimo! Nossas bagagens não se perderam e logo achamos nosso translado! Dica: não paguem translado do aeroporto de Orly para Paris, a não ser que o horário do seu vôo de volta ou horário de chegada seja bizarro (entre 1h e 5h da manhã), não vale a pena o preço. Mas pelo menos o nosso motorista era muito simpático, um brasileiro mulatão que morava há sei lá quanto tempo na França. A vantagem é que ele nos deu muitas dicas sobre metrô e ônibus, além de um mapa da cidade (eu já tinha um, mas éramos 2, melhor ter um pra cada, né?). A desvantagem é que nem ele sabia direito como chegar no nosso hotel, que apesar do nome (Hôtel du Brésil) não é muito conhecido pelos brasileiros, que ficava numa ruazinha tão obscura que nem nos mapas mais detalhados de Paris aparecia.
Finalmente chegamos no hotel, pegamos a chave do quarto, eu subi com minha mala pelo elevador/caixão (sério, cabiam só 3 de mim dentro dele, e uma do lado da outra) enquanto o Caike subia de escada os 3 andares. Largamos tudo lá e resolvemos que, pela hora, dava pra visitar a galeria Lafayette mais famosa e mais distante do hotel. Saímos, tivemos nossa primeira experiência com o crepe francês pedindo um na porta do metrô (um cara muito grosso que brigou com um pedestre, ou com a gente, eu não sei dizer), entramos no metro e lá fomos nós!

Pausa para 2 momentos de reflexão:
Primeiro: jamais peça comida na rua em Paris e observe como a pessoa prepara a comida. A não ser que você não queira comer.
Segundo: o metrô de Paris pode ser fantástico na sua rapidez e na sua extensão, mas é feio, muito feio, e dependendo da estação fede muito a mijo. Não crie expectativas positivas quanto a isso, se prepare para a sujeira, pedintes e franceses suados e malcheirosos.

Eu não dava muito coisa pra essa galeria antes de conhece-la, mas, falando sério, vale a pena. Ela é linda! Tem uma cúpula belíssima vista de dentro... muito legal mesmo. Isso quando se acha o prédio certo, porque as galerias Lafaytte são, na verdade, um conjunto de prédios, um só de coisas de casa, outro só de roupas masculinas (o homem francês é absurdamente vaidoso) e as famosas galerias com a tal cúpula art noveau de 1912. Essas em especial, são interessantes de visitar, pois são uns 5 ou 6 andares com lojas espalhadas do tipo estande, mas só de marcas "alto nível" - Chanel, Dior, Yves Saint Laurent e por aí vai - pra quem gosta de fazer compras, principalmente de grife, é o céu na terra. Depois de ver o primeiro andar, só de perfumes e maquiagem, onde se tem a melhor vista da cúpula, e de onde assistimos meio pasmos a um show bizarríssimo que era pra ser uma demostração da cultura japonesa (o Japão era o tema das galerias nessa estação) mas com com modelos usando roupas e cabelos nada japoneses e uma mulher fazendo malabarismo com tecidos, resolvemos ver os andares de cima, pra ver se tinha alguma lembrancinha por um preço em conta. Mais uma dica: visite a galeria e procure coisas de marca pra comprar por um preço muito mais amigável (ainda caríssimo, mas muito menores do que em qualquer outro lugar...) e deixe as lembrancinhas pra rua Rivoli ou pra rua Mouffetard, não compre lá.
De qualquer forma fomos subindo, até chegarmos na lanchonete. Resolvemos parar, beber alguma coisa e dar uma descansadinha. Eu comprei um chá, só pra descobrir que europeus não são japoneses e o tal chá era açúcar puro... mas, enquanto estávamos sentados conversando sobre a possibilidade de na verdade ser tudo um sonho, eis que a vejo pela janela: a torre Eiffel! Sério, a tal lanchonete tem uma vista fantástica: a torre e l'Ópera! Finalmente damos umas de turistas, tiramos fotos, rimos, fizemos pose da janela... esses micos que todo turista que se preze faz. Acabada a farra, continuamos a subir, até o terraço, no sétimo andar. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! E começa tudo de novo, fotos, risos, poses, micos...
Descemos felizes, 2 horas depois de ter chegado, não era nem 7h e o pôr do sol ainda estava longe...fomos ver o l'Ópera de perto, o que não estava no nosso roteiro, mas ir até aquela galeria também não, e daí? Bom, só ganhamos!
Depois, descemos uma rua principal, que segundo o nosso mapa dava no Louvre, e no caminho entramos numa cave (loja especializada em vinhos) e compramos 2 garrafas, uma grande de um tinto da região do Rhône (no sul da França) e um rosê numa garrafa pequena, porque o Caike não sabia se gostava de vinho rosê.
Continuamos andando até dar numa espécie de portão, parecia importante, mas não sabíamos bem o que era... passamos pelos arcos e era o próprio, o Louvre! O prédio é lindo demais, não dá nem pra descrever... fiquei emocionada e não sabia pra onde olhar primeiro... a pirâmide, o prédio em si, o arco do triunfo... e aquela luz linda do sol se pondo atrás do arco não ajudava a escolher... sério, cena de filme, mesmo.
Dali, extasiados, fomos para as margens do rio Sena, e animados com tudo o que tínhamos visto até então e pelos parisienses fazendo piquenique em grandes grupos, resolvemos abrir o vinho rosê ali mesmo, sentados, vendo o pôr do sol e observando o rio, com seus navios abarrotados de turistas passando e acenando para a gente. Fora a vista fenomenal, o tal vinho, de 5 euros, era esplêndido!
Como minha última refeição tinha sido em Madrid, antes da conexão para Paris, o vinho subiu rápido, rápido demais, fiquei zonzinha, e foi vendo tudo meio torto que chegamos a Île de la Cité. Tudo é lindo, descobrimos uma pracinha muito graciosa, bem intimista, com um monte de parisienses jogando bocha... e fomos andando (eu estava mais cambaleando, mas tudo bem) até a Notre-Dame... que pela hora, já estava fechada, mas imponente e linda de morrer.
Nesse ponto, o meu nível alcoólico estava bem além do aceitável, e fomos jantar num bistrô já do outro lado do rio, mas em frente a catedral. Um jantar delicioso, apesar da confusão com as carnes: pedimos 2 pratos diferentes, mas os 2 ao ponto. Um veio mal passado e o outro bem passado. Nunca vou entender isso... apesar de ter chegado a conclusão que os franceses não se dão bem cozinhando carne bovina.
Depois de recuperados, fomos para a aventura seguinte: achar novamente o nosso hotel.
Foi uma confusão: eu sou muito boa de mapa, o problema surge quando eu acho que o nosso hotel fica num lugar mas na verdade ele fica em outro. Ficamos dando voltas e voltas, fomos pra um lado, andamos até cansar e chegamos a conclusão que era o lado errado. Voltamos, demos mais volta, pra finalmente nos acharmos. E percebermos que estávamos rodando que nem peru tonto em volta do hotel. Faz parte. Claro que o fato de tudo ser lindo em Paris e você querer parar a cada 2 passos pra olhar alguma coisa não ajudou. Mas deu um tempero especial.
Depois disso tudo, só mesmo banho e cama para nos preparamos para o que nos aguardava no dia seguinte.



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