Acordamos no nosso hotel maravilhoso com a vista cheia de
balões... se a vista já era linda antes, com os balões ficou ainda mais mágica!
O café da manhã estava simplesmente perfeito, sem dúvida o melhor da viagem em
termos de variedade e qualidade da comida! E nós precisávamos de muita energia!
Vista do hotel com os balões |
A Capadócia é uma região com uma paisagem única e com uma
cara meio lunar... com suas rochas de origem vulcânica extremamente macias, o
que as tornam fáceis de deformar pelos ventos ao longo do tempo, por isso o
perfil da paisagem é realmente muito diferente. Além disso, suas rochas e solo
foram usadas durante muitos séculos para escavar casas e até cidades inteiras.
Göreme é uma dessas cidades!
As rochas "esburacadas" de Göreme |
A visita é um pouco cansativa, pois os quartos e igrejas
ficam espalhados pelas rochas, como se fossem mini-montanhas, e durante o
passeio se sobe e desce um monte de ladeiras e escadas!
Mas vale a pena cada gotinha de suor, pois o lugar é muito
lindo e exótico! As igrejas são todas lindas e muito diferentes do que você
poderia imaginar de igrejas em cavernas. Primeiro , elas são inteiramente
escavadas, mas isso não as impede de ter colunas! Segundo, são todas lindamente
pintadas por dentro! E o mais interessante, em algumas delas existem 2 camadas
de pintura, pois a primeira camada decorativa, datada do início da ocupação de
Göreme, era muito simples e limitada, e até o final do século XIII, novos
afrescos, bem mais complexos, foram pintados por cima, e novas igrejas também
foram construídas até o final desse período.
O único porém é que não podemos tirar fotos no interior das
igrejas, nem sem flash :-(
No interior das igrejas não pode, mas algumas desabaram parcialmente e podemos ver as pinturas expostas! |
Depois de começar a sentir o calor que é capaz de fazer na
Capadócia, fomos fazer outro passeio exótico: conhecer uma cidade subterrânea!
Como mencionei anteriormente, essa região é composta
basicamente de pedra vulcânica, fácil de manusear (ela se desfaz com a unha!),
e por ser muito erma, foi usada ao longo da história como esconderijo de
diversos povos. Algumas das cidades subterrâneas dessa região datam da época
dos Hititas (um povo conterrâneo dos egípcios, quem leu a Saga de Ramsés de
Christian Jacq já ouviu falar deles), e diversas outras foram feitas ao longo
dos séculos. As mais modernas foram feitas pelos cristãos que habitaram essa
região, para servirem como esconderijo nos momentos em que foram caçados
(primeiramente pelos romanos, e mais tarde pelos muçulmanos).
Uma das maiores galerias da cidade-caverna |
Mas essa visita também não é para qualquer um, pessoas com
claustrofobia e problemas cardíacos podem passar mal, pois as salas debaixo da
terra são todas bem fechadas, com passagens pouco apropriadas para pessoas com
mais de 1,60m. Em algumas dessas passagens até mesmo crianças precisam se
abaixar, pois a idéia era manter o controle e dificultar a passagem de inimigos
no caso deles descobrirem a localização dessas cidades. Até portas à la Indiana Jones foram usadas
nessas cidades!
Para ter uma ideia do tamanho do corredor, eu, essa "enormidade" de pessoa, precisei me agachar assim! |
As portas são grandes pedras que só podem ser movidas pelo lado de dentro |
Depois do choque térmico de sair da caverna para encontrar o
calor da superfície, pegamos o nosso ônibus e fomos levados para uma loja de
tapetes, outro ponto turístico que não dá para pular quando se vai à Turquia! O
interessante dessas visitas é que você pelo menos aprende alguma coisa sobre o
artesanato local, ao invés de apenas fazer compras.
A loja que visitamos funciona também como escola de
tapeçaria, ensinando a jovens pobres (sempre mulheres) a ganharem um dinheiro
extra para a sua família. E na entrada da loja tem um atelier onde um dos
vendedores explica a diferença entre os tipos de nós usados na fabricação dos
tapetes, a diferença entre os tipos de material utilizados, como se tinge cada
tipo de material etc... tudo para você entender muito bem porque os preços
variam tanto e justificar o valor cobrado na loja :-)
Jovem tecendo tapete, a velocidade com que elas tecem é incrível! |
Alguns tapetes são tão detalhistas que mais parecem quadros! |
Depois de um almoço bem demorado, o que foi muito bem vindo,
fomos visitar o “vale das fadas”. Lembra que eu mencionei que a Capadócia tem o
solo feito de uma rocha vulcânica fácil de ser moldada? Pois bem, cada camada
do solo tem uma facilidade um pouco diferente de ser moldada pelos ventos, e
com isso, ao longo dos séculos, foram sendo criadas, naturalmente, diversas
estruturas que se assemelham a cogumelos, daí o apelido de vale das fadas.
Outros nomes mais vulgares também são usados pela população local, mas isso eu
deixo para a imaginação de vocês.
Vale das Fadas |
E foi durante esse passeio que eu entendi o que é o clima
continental durante o verão... a Capadócia é um lugar de extremos, chega tanto
a -20° no inverno quanto a 50° no verão. E eu juro que fica mais quente do que
no Egito quando chega a 50°! Nunca imaginei que fosse visitar um lugar nessa
temperatura... e como o clima é extremamente seco, a diferença de temperatura
entre a sombra e o sol é bizarra! Na sombra chega até a ser agradável, enquanto
debaixo do sol de 50° a coisa fica bem complicada. Mas como as rochas são muito
porosas, qualquer caverna parece ter um ar condicionado natural, o que facilita
muito a exploração do vale.
Na sombra é muito mais agradável... |
O Camelo |
"O Castelo" mais parece um queijo suíço |
Depois de derreter o cérebro no calor de 50°, nossa guia nos levou para conhecer outro “artesanato” típico da região: o trabalho de ouro e prata com pedras preciosas. E claro, a pedra mais famosa da Turquia: a turquesa. Lá aprendemos também a distinguir a pedra falsa da verdadeira, o único problema é que quando a cópia é boa só dá para ver se a pedra é verdadeira ou não se a quebrarmos. Não adianta muito, né? Mas a visita valeu à pena, pois a loja era realmente muito bonita e os preços realmente tentadores.
Após essa visita, o nosso grupo se dividiu novamente, pois
nem todos queriam assistir ao show dos dervixes rodopiantes. Claro que eu e o
Caike fomos ver os sufis dançando. A cerimônia (chamada Sema na Turquia) foi
realizada num lugar muito interessante, pois era numa casa com um jeito bem
simples, com uma pequena loja de souvenires no térreo, e uma escada que dava
para o subsolo. O subsolo era um salão imenso e frio (por causa da rocha
porosa), que mais parecia um local de encontro religioso mesmo.
No centro do salão tinha um palco redondo, onde seria
realizada a sema. A cerimônia foi realizada por um grupo de 4 dervixe, mais 3
sufis que serviram apenas de músicos, e mais o mestre do grupo. Como é uma
cerimônia religiosa, não podemos tirar fotos, mas isso não faz a menor
diferença, pois o importante ali certamente não era a parte visual (apesar de
ser muito impressionante).
A cerimônia começa com os músicos tocando uma linda música
sufi, daquelas que só de ouvir você começa imediatamente a meditar, depois
entra o mestre e os demais dervixes, que seguem todo um cerimonial específico,
que tem um simbolismo lindíssimo (isso pode vir a ser um post no futuro...), e
no final o mestre faz um sermão com base no corão ou em ensinamentos sufis
(essa parte eu não entendi nada snif snif snif). A entrega dos dervixes era tão
grande que dava para perceber as variações mais ínfimas na música, de forma que
todos eles paravam de rodopiar ao mesmo tempo... e depois de umas duas sessões
de rodopio já dava para saber quando eles iriam parar. Algo realmente mágico de
se ver.
O bacana mesmo é a experiência de assistir o sema, pois se
você der sorte de assistir um ritual de verdade, é algo realmente fantástico! A
sensação que eu tive foi de estar dançando e meditando junto com os dervixes...
saí de lá extasiada! Foi uma das coisas mais lindas e emocionantes que já vi.
Mas não é todo o mundo que entra nesse clima...
Durante a cerimônia não pode tirar foto, mas depois os dervixes dão uma palhinha para os turistas registrarem |
Após o jantar fomos direto dormir, pois o balão sairia
absurdamente cedo no dia seguinte.