O dia começou cedo, bem cedo, porque queríamos tomar café na rua mesmo, antes de começar o café do hotel, pra começarmos a ver coisas o mais rápido possível a aproveitar o máximo do dia.
Ledo engano. Paris (mais tarde descobri que toda a França) não acorda cedo. Era mais de 7h da manhã e não tinha nada aberto. Nada, nadinha. Nem uma padaria, nem um bistrô, nem uma venda de produtos gerais de alimentação (é mais ou menos essa a tradução pra esse tipo de loja, "alimentation generale", coisa de francês). Tudo abriria a partir das 9h.
Andamos pelas ruas morrendo de fome, procurando algum lugar, qualquer um, que tivesse comida de alguma espécie, pensando que não era possível uma cidade grande como Paris não ter nada aberto aquela hora. E, acredite, é possível, não tem mesmo.
Só fomos achar alguma coisa quando bateu 8h e já estávamos em frente ao nosso primeiro objetivo do dia, a igreja Saint Germain de Près, que como todo bom monumento/igreja/museu da França só abre a partir das 9h. Isso quando eles abrem cedo, pra garantir não ficar esperando não chegue antes das 10h caso você não saiba o horário de abertura.
Bom, estávamos famintos e decepcionados com a porta fechada. Porém em frente tinha um lindo bistrô aberto, tinha até umas 2 mesas já ocupadas por pessoas tomando lindos desjejuns, com pães suculentos, chá, café, chocolate... fomos até lá determinados a comer independentemente do preço. Quando vimos o valor estampado no menu quase desistimos... mas nossos estômagos fizeram birra e tentamos contornar um pouco a situação dando uma de brasileiros, perguntamos se não podíamos pedir um café da manhã para nós 2 dividirmos e uma bebida quente extra. O garçom aceitou. Menos mal. Sentamos, dividimos o café da manhã que pareceu muito menor e menos variado que nas outras mesas (provavelmente porque pedimos o mais barato que tinha no cardápio e os outros deviam ter orçamentos muito melhores do que o nosso). De qualquer forma, enquanto estávamos lá, saquei meu guia de Paris da mochila pra ver o horário da Igreja, coisa que eu não tinha feito anteriormente, e pude constatar que realmente nosso plano inicial de madrugar não daria em nada além de fome e portas fechadas. Mas, também descobri que estávamos sentados num café muitíssimo famoso, o Deux Magots, onde outrara filósofos como Sartre se reuniam para discutir, quer dizer, para beber e, obviamente, filosofar. Agora eu entendia a razão do preço absurdo daquele lugar, a fama e a folosofia podem ser muito caras.
Depois do café, desistimos de esperar a Igreja abrir e resolvemos caminhar direto para o nosso objetivo seguinte: Museu D'Orsay. Apesar de chegarmos meia hora antes do dito cujo abrir, já tinha fila, e ela não era pequena. Conforme tentávamos descobrir em qual fila devíamos entrar (tinham duas, mas as sinalizações ao invés de ajudar atrapalhavam), mais gente ia chegando, nos deixando agoniados. Um cara de terno, que era uma espécie de segurança do museu (esses trabalham 24h aparentemente) nos ajudou e finalmente entramos na fila certa. Esperamos um bom tempo no frio da manhã nublada, não só até o museu abrir, mas depois também, porque além da porta giratória só permitir que poucas pessoas passem de cada vez para dentro do prédio, assim que você entra tem de passar por um detector de metais e mais uns guardinhas que pedem pra ver dentro da sua bolsa ou mochila (procedimento de praxe em todo museu europeu, vou logo avisando).
Finalmente chegou a nossa vez, passamos pelo detector, que ficou bem quietinho, e fomos comprar a melhor coisa de Paris pra quem gosta de museu: o Museum Pass! Pegamos o que valia pelo maior número de dias, seis, pagamos caro, porém não gastaríamos mais nada com entradas em praticamente toda a viagem, com a grande vantagem de ter o poder de furar fila porque sim. Se você for entrar em mais de 5 museus e mais uns 4 monumentos listados no passe, já está valendo. Como nossa lista era grande, nem pensamos duas vezes.
Até porque, como desconfiávamos, esse passe é a glória nos momentos de filas gigantescas, você se sente muito importante passando por todas aquelas pessoas esperando em pé até chegar na entrada especial que a maioria dos monumentos e museus de Paris tem para quem comprou o passe.
Mas voltando pro museu onde estávamos, compramos nossos tiquetes pro paraíso e fomos logo alertados de que tínhamos que deixar nossas mochilas no guarda-volume. Outra praxe chatíssima na europa: bolsas grandes e mochilas (pra essas o tamanho não importa, basta ser mochila) não podem entrar nas exposições. Eu resolvi me safar de deixar minhas coisas pra trás aproveitando que a minha mochila virava casaco e dei logo um jeito no problema. Já o Caike não teve opção... chegamos no guarda-volumes e fomos atendidos por um português muito simpático, que nos lembrou que pelo menos podíamos tirar fotos (sem flash!, claro).
Bom, quanto ao museu, por onde começar? O Museu D'Orsay era antigamente uma estação de trem, que inclusive foi muito usada pra receber refugiados na segunda guerra mundial. Depois de desativada na década de 70, foi reformada e transformada num museu simplesmente maravilhoso, inaugurado em 1986. Sério, é um museu que você não sabe se olha em volta ou pras obras, em sua maioria impressionistas. Lindo de morrer. Logo logo esquecemos da fome que passamos pela manhã e ficamos embevecidos com o nosso primeiro museu: Monet, Rodin, Manet, Van Gogh, Courbet... tudo tão lindo... não tem nem muito o que dizer, é o tipo de experiência que só vivendo mesmo. Cada um sente uma coisa diferente diante daquelas obras.
Depois de umas 3h de arte saímos de lá meio embriagados de cores, texturas, curvas e beleza. Já era hora do almoço... e a fome deu novamente o ar de sua graça. Fomos procurar um bistrô legal a caminho dos Invalides, um monumento que mistura museu, igreja e túmulos. Mas já vamos chegar lá.
Achamos um muito simpático, numa rua bem estreita e calma, o Sud Café. Aliás, recomendo. Comemos um macarrão muito bem feito, com carne e um vinho do Rhône fabuloso (aliás, mesmo o vinho mais barato na França é fabuloso, é impossível errar). Tudo com muito, muito açúcar, por conta da música romântica no fundo, pra fazer o clima do nosso aniversário de 2 anos de namoro. O dia que tinha começado meio esquisito já tinha ficado perfeito.
Depois fomos ao Invalides, que tem origem na vontade muito nobre do rei Luís XIV de criar um lugar que desse apoio aos inválidos do exército francês. Daí a origem do nome e toda a sua ligação com os militares durante toda a sua existência. Tanto que no complexo hoje existe o museu militar da França, com 2 exposições que nós decidimos não visitar por pura falta de tempo e por questões de prioridade entre os museus: uma de armas através da história e outra da segunda guerra. Mas fomos direto ver a Catedral de Saint-Louis-des-Invalides, que é de-tirar-o-fôlego... e atrás da catedral fica o famoso Dôme, onde está suntuosamente enterrado Napoleão e mais um monte de generais importantes. É intrigante ver como um homem tão pequeno deu origem a um túmulo tão grande... e mesmo assim, tenho certeza de que o ego dele não caberia ali.
Todo o Dôme é uma ode ao que Bonaparte fez em vida, com altos relevos por todas as paredes, trazendo-o como César, e com descrições de conquistas ou de decisões importantes e revolucionárias que ele tomou (como tornar a escola primária pública e universal). Muito bonito, vale a pena visitar, e se você souber francês, é uma atração a parte ler os feitos napoleônicos. Deixa também você imaginando como não deveria ser na época em que aquela imensa cúpula dourada era mesmo revestida de ouro, que quantidade absurda do valioso metal não deveria ser necessária pra cobrir aquela coisa imensa... hoje é só tinta dourada, mas continua espantoso.
Saímos de lá animados para a próxima atração do dia: o museu Rodin.
Não é um museu grande, mas de todos os museus de Paris é o mais agradável de visitar, ainda mais num dia bonito como aquele, com sol mas algumas nuvens pra deixar mais ameno. É simplesmente o clima perfeito pra visitar esse museu-jardim. A concepção é genial: as grandes obras de Rodin estão expostas ao ar livre, no jardim da casa que abriga o museu, no meio das flores e de muito verde.
As obras de menor dimensão ficam dentro da casa, o antigo Hôtel Biron, do século XVIII, onde Rodin viveu no início do século XX e que deixou para o estado juntamente com sua coleção pessoal de esculturas, além de quadros de Van Gogh e Renoir, com a condição de que a casa fosse transformada num museu que levasse o seu nome e abrigasse suas obras (espertinho ele, não?).
Eu que sou fã de Rodin fiquei maluca com aquilo... é mesmo muito bonito, e toda aquela genialidade dele junta é de matar do coração... tiramos fotos de quase todas as obras expostas (impossível de segurar o dedo na máquina digital), e de quebra ainda tiramos um rápido cochilo num dos bancos do jardim, que foi feito mesmo pra ser aproveitado, cheio de bancos bem espaçosos e espreguiçadeiras. Simplesmente uma delícia.
Depois de algum esforço pra deixar aquele pedaço do céu na terra, fomos andando até o Campo de Marte, o gramado enorme que fica em frente a Torre Eiffel. E no caminho compramos uma enorme baquete, salaminho, queijo e suco de laranja. Fizemos o que os parisienses adoram fazer: um piquenique ao ar livre! Observando nada menos que a Torre, e os diversos franceses e turistas (em menor número, a maioria dos turistas não pára ali, está apenas de passagem para visitar a torre), todos aproveitando o restinho de sol (já era umas 18h, mas ainda faltava umas 3 horas pro pôr do sol). Aí que comecei a perceber que os parisienses realmente usam os espaços públicos! A quantidade de pessoas reunidas ali depois do expediente para tomar vinho e comer alguma coisa era espantosa! Fora as famílias com suas crianças e/ou cachorros todos brincando de bola, peteca, ou algo do gênero. Fora as pessoas sozinhas, com suas garrafas de vinho e seus livros (como se lê em Paris!)... e todo mundo usa canga pra se sentar no gramado! Se fosse areia, seria que nem a praia de Copacabana no verão, só que com pessoas vestidas, silenciosas (apesar de muito animadas!), educadas, sem pivete, e nem guarda-sol.
Ficamos ali matando tempo e descansando os pés por uma hora, pois pela nossa programação o dia ainda ia render muito. Quando cansamos de ficar parados, nos levantamos e fomos conferir a torre de perto, passamos por baixo dela, nos horrorizamos com os tamanhos das filas e fomos ver como era a vista dela do outro lado do rio, do Trocadéro.
Bom, vou só dizer uma coisa: é uma farofada só. Se já tem camelô debaixo da torre (e eles são raros na cidade, e inexistentes no resto do país), o Trocadéro parece ser o seu habitat natural. São muitos! Um do lado do outro, fora os que ficam circulando, oferencendo na maior parte das vezes chaveirinhos com miniaturas da torre, por um preço ridículo se comparado com qualquer loja de souvenirs (fica a dica!).
Pausa pra reflexão: para um país famoso por sua predileção por cachorros à crianças, os franceses adoram mimar seus filhos com carrosséis... só perto da Torre Eiffel tem uns 2!
Aproveitamos para tirar mais fotos ainda e descansamos mais um pouco. Quando vimos que nosso horário estava folgado, pois nosso piquenique era também o nosso jantar, resolvemos aproveitar e acrescentar mais um ponto turístico no nosso roteiro: a praça Vendôme! Pegamos o metrô e chegamos bem rapidinho.
Essa praça é conhecida por sua coluna de bronze (totalmente esverdeado pela exposição ao ar livre) e por suas lojas chiquésimas. Por conta da hora, parecia que ela era só nossa, pois estava completamente vazia! Pudemos admirar com toda a calma a coluna, que conta com 280 metros de descrição de cenas de batalhas numa espiral que vai subindo até o topo da coluna, onde tem uma estátua de Bonaparte, de data posterior ao resto da coluna. Dizem que o seu bronze provem de 1200 canhões russos e austríacos, tomados durante guerras, porém os especialistas acham que foram apenas uns 130 tomados em Austerlitz. Nada como a propaganda governista. Aliás, essa coluna é também protagonista de um episódio muito interessante, envolvendo um artista e a comuna de Paris (episódio muito importante na história da cidade, e ao qual voltarei a falar em outro dia desse diário).
Antes do estouro da comuna, o famoso pintor Gustave Courbet (aquele que pintou uma vagina bem no meio de um quadro e denominou-o "Origem do Mundo"), que era bem chegado a uma opinião política forte e socialista, fez uma petição ao governo pedindo a destruição do monumento. Obviamente que o episódio criou um grande frisson e o artista foi duramente criticado, inclusive isso acabou afetando e muito o seu trabalho na época, que deixou de ser aceito nos salões. Depois de um tempo, a poeira baixou. O problema, é que quando se iniciou a comuna, em 1871, ele participou ativamente, claro, e os dirigentes dessa, apesar dos apelos do pintor, resolveu mesmo derrubar a dita cuja, proclamando que "A Comuna de Paris considera que a coluna imperial da Praça Vendôme (na época e estátua que existia no topo era de Louis XIV) é um monumento à barbárie, um símbolo da força bruta e da falsa glória, uma afirmação do militarismo, uma negação do direito internacional, um insulto permanente aos vencedores e vencidos, um atentado perpétuo a um dos três grandes princípios da República: a Fraternidade!" Eles eram avançados demais pra sua época, né? Não é a toa que foram exterminados, mas isso é outra história.
Depois de extinta a comuna, Courbet ficou eternamente manchado com a culpa colocada em suas costas como o grande autor e responsável pela idéia de derrubar a tal coluna, que obviamente foi devidamente recolocada no lugar, e a estátua em seu topo (que foi a única peça realmente partida em pedacinhos) substituída pela atual. Ah, e o preço dessa recolocação e restauração foi cobrado inteiramente do artista, uns 323 mil francos na época, uma fortuna que o arruinou financeiramente, pois ele não tinha todo esse dinheiro. Resumo da ópera: confiscaram absolutamente tudo que ele tinha por conta da comuna e ainda exigiram esse pagamento, depois de refugiado na Suíça, ele consegue um acordo para pagar o valor em prestações de 10 mil francos por ano por 33 anos. Mas isso tudo foi demais pra ele, e Courbet acabou falecendo antes mesmo de pagar a primeira parcela.
Acabada a pequena aula de história e voltando ao nosso passeio, dali fomos para a agência de turismo francesa onde tínhamos comprado pela internet um pacote de city-tour noturno (para ver os monumentos iluminados), seguido de um show no Moulin Rouge!
Como eu estava morta de cansada de ter acordado cedo e passado o dia inteiro andando, somando-se ao fato de que eu já tinha visto quase todos os monumentos mostrados no tour, fiquei batendo cabeça no ônibus o tempo inteiro... mesmo assim, posso fazer a seguinte afirmação: Paris é mesmo a cidade luz! Mas você precisa rever o seu conceito de iluminação antes de concordar... esqueça as luzes ostensivas das grandes metrópoles poluídas por neon e tvs gigantescas. Paris tem classe. Sua iluminação é aquela escolhida pelos arquitetos, serve para preencher e valorizar os espaços e a arquitetura dos prédios, não para deixa-los chapados como a cara de uma pessoa perto demais do flash. Portanto, ela é mais sutil e indireta, e deixa alguns lugares na penumbra para valorizar outros. E ela é incrivelmente coerente pela cidade inteira. Até mesmo a Torre Eiffel com aqueles pisca-piscas todos, que eu achava muito brega, combina perfeitamente com o conjunto de monumentos iluminados e fica espetacular. Pena que com o ônibus em movimento não dá pra tirar fotos. Resumindo, é realmente um tour bonito de ver, e mais impressionante ainda se você vir as coisas iluminadas antes de vê-las durante o dia.
Depois fomos levados até o Moulin Rouge para o espetáculo Férie (em tradução livre minha "feérico"). O que dizer do show? É um tanto quanto perturbador: nunca imaginei que mulheres semi-nuas pudessem se transformar em algo tão GAY. Esqueça o cabaret do século XIX e o filme, o show é GAY, muito GAY. Logo se percebe que o produtor daquilo é viado, o coreógrafo é tão gay que não sabe o que é sensual na mulher, o compositor solta purpurina pelos poros e o estilista, bom, melhor nem comentar, é uma "queen". Você ri muito durante o espetáculo, pelo completo non-sense e impossibilidade estética e teórica do que está assistindo. O show conta pequenas histórias, que as vezes se conectam, com direito a um casal oriental que se apaixona mas é obrigado a se separar, aí a mocinha é seduzida por um europeu, que a joga entre cobras! Literalmente. Juro que sobe do chão uma piscina de vidro (de forma que você vê tudo debaixo d'água) onde a mulher é jogada, no meio de cobras de verdade que nadam no meio das águas, não antes da atriz gritar estericamente. Claro que no final, o casal se reencontra, só que à moda Peter Pan, sobrevoando a platéia, iluminados por luz negra e por uma lanterninha que os próprios atores seguram para iluminar os seus rostos. É engraçadíssimo!
Aí você pensa, bom, realmente engraçado, mas não pode ficar pior do que isso. Ledo engano, o elenco todo ainda canta "I will survive". Aí você pensa, é o fundo do poço! Ledo engano. Você ainda vai ver todo o elenco, incluindo os homens (tem homens!!!! Só que eles estão sempre devidamente cobertos, quer dizer, quase sempre) entrar no palco por uma escada que desce do teto cobertos dos pés à cabeça de cor-de-rosa-choque e plumas, muitas plumas, em trajes iluminados (literalmente! com lâmpadas e tudo!)
Só não piora mais ainda porque o espetáculo acaba, e você está com dor de barriga de tanto rir. Meninas, não tentem assistir ao show de maquiagem pesada, ela não vai resistir.
Além de tudo isso, o show possui pequenos intervalos para as bailarinas e bailarinos trocarem de roupa (as mulheres trocam apenas os fios dentais, saltos agulha e fios que ressaltam que estão com os seios de fora), que são ocupados por números circenses, esses muito bons, não tem onde pôr defeito.
Todo o show tem apenas 5 minutos do que realmente queríamos ver: cancan. Mas são belos 5 minutos que fazem a platéia vibrar! É emocionante! E você consegue vislumbrar o quê que é o cabaret original, e a razão das bailarinas não serem tão boas nas outras coreografias: elas sabem mesmo é dançar cancan!
Acabado o espetáculo, estávamos nós também acabados. Graças a Deus a companhia de turismo providencia o transporte até o seu hotel, senão estávamos fritos, porque o show acaba depois de 1h da manhã, quando o metrô já fechou.
Voltamos ao hotel com fome por causa da hora, mas estávamos tão cansados que só queríamos dormir. Chegamos lá, e o cara da recepção estava deitado numa cama estendida no micro salão usado para o café da manhã. Ele nos indicou que a nossa chave estava no balcão e só se preocupou quando eu entendi que ela estava nos lugares onde se guardam as chaves dos quartos, do outro lado do balcão. A chave estava do lado de fora, em cima da mesa mesmo. Como eu iria ver naquela escuridão que elas estavam ali? Mas enfim, conseguimos subir e capotamos. Mesmo. O dia seguinte também seria cheio.
Ledo engano. Paris (mais tarde descobri que toda a França) não acorda cedo. Era mais de 7h da manhã e não tinha nada aberto. Nada, nadinha. Nem uma padaria, nem um bistrô, nem uma venda de produtos gerais de alimentação (é mais ou menos essa a tradução pra esse tipo de loja, "alimentation generale", coisa de francês). Tudo abriria a partir das 9h.
Andamos pelas ruas morrendo de fome, procurando algum lugar, qualquer um, que tivesse comida de alguma espécie, pensando que não era possível uma cidade grande como Paris não ter nada aberto aquela hora. E, acredite, é possível, não tem mesmo.
Só fomos achar alguma coisa quando bateu 8h e já estávamos em frente ao nosso primeiro objetivo do dia, a igreja Saint Germain de Près, que como todo bom monumento/igreja/museu da França só abre a partir das 9h. Isso quando eles abrem cedo, pra garantir não ficar esperando não chegue antes das 10h caso você não saiba o horário de abertura.
Bom, estávamos famintos e decepcionados com a porta fechada. Porém em frente tinha um lindo bistrô aberto, tinha até umas 2 mesas já ocupadas por pessoas tomando lindos desjejuns, com pães suculentos, chá, café, chocolate... fomos até lá determinados a comer independentemente do preço. Quando vimos o valor estampado no menu quase desistimos... mas nossos estômagos fizeram birra e tentamos contornar um pouco a situação dando uma de brasileiros, perguntamos se não podíamos pedir um café da manhã para nós 2 dividirmos e uma bebida quente extra. O garçom aceitou. Menos mal. Sentamos, dividimos o café da manhã que pareceu muito menor e menos variado que nas outras mesas (provavelmente porque pedimos o mais barato que tinha no cardápio e os outros deviam ter orçamentos muito melhores do que o nosso). De qualquer forma, enquanto estávamos lá, saquei meu guia de Paris da mochila pra ver o horário da Igreja, coisa que eu não tinha feito anteriormente, e pude constatar que realmente nosso plano inicial de madrugar não daria em nada além de fome e portas fechadas. Mas, também descobri que estávamos sentados num café muitíssimo famoso, o Deux Magots, onde outrara filósofos como Sartre se reuniam para discutir, quer dizer, para beber e, obviamente, filosofar. Agora eu entendia a razão do preço absurdo daquele lugar, a fama e a folosofia podem ser muito caras.
Depois do café, desistimos de esperar a Igreja abrir e resolvemos caminhar direto para o nosso objetivo seguinte: Museu D'Orsay. Apesar de chegarmos meia hora antes do dito cujo abrir, já tinha fila, e ela não era pequena. Conforme tentávamos descobrir em qual fila devíamos entrar (tinham duas, mas as sinalizações ao invés de ajudar atrapalhavam), mais gente ia chegando, nos deixando agoniados. Um cara de terno, que era uma espécie de segurança do museu (esses trabalham 24h aparentemente) nos ajudou e finalmente entramos na fila certa. Esperamos um bom tempo no frio da manhã nublada, não só até o museu abrir, mas depois também, porque além da porta giratória só permitir que poucas pessoas passem de cada vez para dentro do prédio, assim que você entra tem de passar por um detector de metais e mais uns guardinhas que pedem pra ver dentro da sua bolsa ou mochila (procedimento de praxe em todo museu europeu, vou logo avisando).
Finalmente chegou a nossa vez, passamos pelo detector, que ficou bem quietinho, e fomos comprar a melhor coisa de Paris pra quem gosta de museu: o Museum Pass! Pegamos o que valia pelo maior número de dias, seis, pagamos caro, porém não gastaríamos mais nada com entradas em praticamente toda a viagem, com a grande vantagem de ter o poder de furar fila porque sim. Se você for entrar em mais de 5 museus e mais uns 4 monumentos listados no passe, já está valendo. Como nossa lista era grande, nem pensamos duas vezes.
Até porque, como desconfiávamos, esse passe é a glória nos momentos de filas gigantescas, você se sente muito importante passando por todas aquelas pessoas esperando em pé até chegar na entrada especial que a maioria dos monumentos e museus de Paris tem para quem comprou o passe.
Mas voltando pro museu onde estávamos, compramos nossos tiquetes pro paraíso e fomos logo alertados de que tínhamos que deixar nossas mochilas no guarda-volume. Outra praxe chatíssima na europa: bolsas grandes e mochilas (pra essas o tamanho não importa, basta ser mochila) não podem entrar nas exposições. Eu resolvi me safar de deixar minhas coisas pra trás aproveitando que a minha mochila virava casaco e dei logo um jeito no problema. Já o Caike não teve opção... chegamos no guarda-volumes e fomos atendidos por um português muito simpático, que nos lembrou que pelo menos podíamos tirar fotos (sem flash!, claro).
Bom, quanto ao museu, por onde começar? O Museu D'Orsay era antigamente uma estação de trem, que inclusive foi muito usada pra receber refugiados na segunda guerra mundial. Depois de desativada na década de 70, foi reformada e transformada num museu simplesmente maravilhoso, inaugurado em 1986. Sério, é um museu que você não sabe se olha em volta ou pras obras, em sua maioria impressionistas. Lindo de morrer. Logo logo esquecemos da fome que passamos pela manhã e ficamos embevecidos com o nosso primeiro museu: Monet, Rodin, Manet, Van Gogh, Courbet... tudo tão lindo... não tem nem muito o que dizer, é o tipo de experiência que só vivendo mesmo. Cada um sente uma coisa diferente diante daquelas obras.
Depois de umas 3h de arte saímos de lá meio embriagados de cores, texturas, curvas e beleza. Já era hora do almoço... e a fome deu novamente o ar de sua graça. Fomos procurar um bistrô legal a caminho dos Invalides, um monumento que mistura museu, igreja e túmulos. Mas já vamos chegar lá.
Achamos um muito simpático, numa rua bem estreita e calma, o Sud Café. Aliás, recomendo. Comemos um macarrão muito bem feito, com carne e um vinho do Rhône fabuloso (aliás, mesmo o vinho mais barato na França é fabuloso, é impossível errar). Tudo com muito, muito açúcar, por conta da música romântica no fundo, pra fazer o clima do nosso aniversário de 2 anos de namoro. O dia que tinha começado meio esquisito já tinha ficado perfeito.
Depois fomos ao Invalides, que tem origem na vontade muito nobre do rei Luís XIV de criar um lugar que desse apoio aos inválidos do exército francês. Daí a origem do nome e toda a sua ligação com os militares durante toda a sua existência. Tanto que no complexo hoje existe o museu militar da França, com 2 exposições que nós decidimos não visitar por pura falta de tempo e por questões de prioridade entre os museus: uma de armas através da história e outra da segunda guerra. Mas fomos direto ver a Catedral de Saint-Louis-des-Invalides, que é de-tirar-o-fôlego... e atrás da catedral fica o famoso Dôme, onde está suntuosamente enterrado Napoleão e mais um monte de generais importantes. É intrigante ver como um homem tão pequeno deu origem a um túmulo tão grande... e mesmo assim, tenho certeza de que o ego dele não caberia ali.
Todo o Dôme é uma ode ao que Bonaparte fez em vida, com altos relevos por todas as paredes, trazendo-o como César, e com descrições de conquistas ou de decisões importantes e revolucionárias que ele tomou (como tornar a escola primária pública e universal). Muito bonito, vale a pena visitar, e se você souber francês, é uma atração a parte ler os feitos napoleônicos. Deixa também você imaginando como não deveria ser na época em que aquela imensa cúpula dourada era mesmo revestida de ouro, que quantidade absurda do valioso metal não deveria ser necessária pra cobrir aquela coisa imensa... hoje é só tinta dourada, mas continua espantoso.
Saímos de lá animados para a próxima atração do dia: o museu Rodin.
Não é um museu grande, mas de todos os museus de Paris é o mais agradável de visitar, ainda mais num dia bonito como aquele, com sol mas algumas nuvens pra deixar mais ameno. É simplesmente o clima perfeito pra visitar esse museu-jardim. A concepção é genial: as grandes obras de Rodin estão expostas ao ar livre, no jardim da casa que abriga o museu, no meio das flores e de muito verde.
As obras de menor dimensão ficam dentro da casa, o antigo Hôtel Biron, do século XVIII, onde Rodin viveu no início do século XX e que deixou para o estado juntamente com sua coleção pessoal de esculturas, além de quadros de Van Gogh e Renoir, com a condição de que a casa fosse transformada num museu que levasse o seu nome e abrigasse suas obras (espertinho ele, não?).
Eu que sou fã de Rodin fiquei maluca com aquilo... é mesmo muito bonito, e toda aquela genialidade dele junta é de matar do coração... tiramos fotos de quase todas as obras expostas (impossível de segurar o dedo na máquina digital), e de quebra ainda tiramos um rápido cochilo num dos bancos do jardim, que foi feito mesmo pra ser aproveitado, cheio de bancos bem espaçosos e espreguiçadeiras. Simplesmente uma delícia.
Depois de algum esforço pra deixar aquele pedaço do céu na terra, fomos andando até o Campo de Marte, o gramado enorme que fica em frente a Torre Eiffel. E no caminho compramos uma enorme baquete, salaminho, queijo e suco de laranja. Fizemos o que os parisienses adoram fazer: um piquenique ao ar livre! Observando nada menos que a Torre, e os diversos franceses e turistas (em menor número, a maioria dos turistas não pára ali, está apenas de passagem para visitar a torre), todos aproveitando o restinho de sol (já era umas 18h, mas ainda faltava umas 3 horas pro pôr do sol). Aí que comecei a perceber que os parisienses realmente usam os espaços públicos! A quantidade de pessoas reunidas ali depois do expediente para tomar vinho e comer alguma coisa era espantosa! Fora as famílias com suas crianças e/ou cachorros todos brincando de bola, peteca, ou algo do gênero. Fora as pessoas sozinhas, com suas garrafas de vinho e seus livros (como se lê em Paris!)... e todo mundo usa canga pra se sentar no gramado! Se fosse areia, seria que nem a praia de Copacabana no verão, só que com pessoas vestidas, silenciosas (apesar de muito animadas!), educadas, sem pivete, e nem guarda-sol.
Ficamos ali matando tempo e descansando os pés por uma hora, pois pela nossa programação o dia ainda ia render muito. Quando cansamos de ficar parados, nos levantamos e fomos conferir a torre de perto, passamos por baixo dela, nos horrorizamos com os tamanhos das filas e fomos ver como era a vista dela do outro lado do rio, do Trocadéro.
Bom, vou só dizer uma coisa: é uma farofada só. Se já tem camelô debaixo da torre (e eles são raros na cidade, e inexistentes no resto do país), o Trocadéro parece ser o seu habitat natural. São muitos! Um do lado do outro, fora os que ficam circulando, oferencendo na maior parte das vezes chaveirinhos com miniaturas da torre, por um preço ridículo se comparado com qualquer loja de souvenirs (fica a dica!).
Pausa pra reflexão: para um país famoso por sua predileção por cachorros à crianças, os franceses adoram mimar seus filhos com carrosséis... só perto da Torre Eiffel tem uns 2!
Aproveitamos para tirar mais fotos ainda e descansamos mais um pouco. Quando vimos que nosso horário estava folgado, pois nosso piquenique era também o nosso jantar, resolvemos aproveitar e acrescentar mais um ponto turístico no nosso roteiro: a praça Vendôme! Pegamos o metrô e chegamos bem rapidinho.
Essa praça é conhecida por sua coluna de bronze (totalmente esverdeado pela exposição ao ar livre) e por suas lojas chiquésimas. Por conta da hora, parecia que ela era só nossa, pois estava completamente vazia! Pudemos admirar com toda a calma a coluna, que conta com 280 metros de descrição de cenas de batalhas numa espiral que vai subindo até o topo da coluna, onde tem uma estátua de Bonaparte, de data posterior ao resto da coluna. Dizem que o seu bronze provem de 1200 canhões russos e austríacos, tomados durante guerras, porém os especialistas acham que foram apenas uns 130 tomados em Austerlitz. Nada como a propaganda governista. Aliás, essa coluna é também protagonista de um episódio muito interessante, envolvendo um artista e a comuna de Paris (episódio muito importante na história da cidade, e ao qual voltarei a falar em outro dia desse diário).
Antes do estouro da comuna, o famoso pintor Gustave Courbet (aquele que pintou uma vagina bem no meio de um quadro e denominou-o "Origem do Mundo"), que era bem chegado a uma opinião política forte e socialista, fez uma petição ao governo pedindo a destruição do monumento. Obviamente que o episódio criou um grande frisson e o artista foi duramente criticado, inclusive isso acabou afetando e muito o seu trabalho na época, que deixou de ser aceito nos salões. Depois de um tempo, a poeira baixou. O problema, é que quando se iniciou a comuna, em 1871, ele participou ativamente, claro, e os dirigentes dessa, apesar dos apelos do pintor, resolveu mesmo derrubar a dita cuja, proclamando que "A Comuna de Paris considera que a coluna imperial da Praça Vendôme (na época e estátua que existia no topo era de Louis XIV) é um monumento à barbárie, um símbolo da força bruta e da falsa glória, uma afirmação do militarismo, uma negação do direito internacional, um insulto permanente aos vencedores e vencidos, um atentado perpétuo a um dos três grandes princípios da República: a Fraternidade!" Eles eram avançados demais pra sua época, né? Não é a toa que foram exterminados, mas isso é outra história.
Depois de extinta a comuna, Courbet ficou eternamente manchado com a culpa colocada em suas costas como o grande autor e responsável pela idéia de derrubar a tal coluna, que obviamente foi devidamente recolocada no lugar, e a estátua em seu topo (que foi a única peça realmente partida em pedacinhos) substituída pela atual. Ah, e o preço dessa recolocação e restauração foi cobrado inteiramente do artista, uns 323 mil francos na época, uma fortuna que o arruinou financeiramente, pois ele não tinha todo esse dinheiro. Resumo da ópera: confiscaram absolutamente tudo que ele tinha por conta da comuna e ainda exigiram esse pagamento, depois de refugiado na Suíça, ele consegue um acordo para pagar o valor em prestações de 10 mil francos por ano por 33 anos. Mas isso tudo foi demais pra ele, e Courbet acabou falecendo antes mesmo de pagar a primeira parcela.
Acabada a pequena aula de história e voltando ao nosso passeio, dali fomos para a agência de turismo francesa onde tínhamos comprado pela internet um pacote de city-tour noturno (para ver os monumentos iluminados), seguido de um show no Moulin Rouge!
Como eu estava morta de cansada de ter acordado cedo e passado o dia inteiro andando, somando-se ao fato de que eu já tinha visto quase todos os monumentos mostrados no tour, fiquei batendo cabeça no ônibus o tempo inteiro... mesmo assim, posso fazer a seguinte afirmação: Paris é mesmo a cidade luz! Mas você precisa rever o seu conceito de iluminação antes de concordar... esqueça as luzes ostensivas das grandes metrópoles poluídas por neon e tvs gigantescas. Paris tem classe. Sua iluminação é aquela escolhida pelos arquitetos, serve para preencher e valorizar os espaços e a arquitetura dos prédios, não para deixa-los chapados como a cara de uma pessoa perto demais do flash. Portanto, ela é mais sutil e indireta, e deixa alguns lugares na penumbra para valorizar outros. E ela é incrivelmente coerente pela cidade inteira. Até mesmo a Torre Eiffel com aqueles pisca-piscas todos, que eu achava muito brega, combina perfeitamente com o conjunto de monumentos iluminados e fica espetacular. Pena que com o ônibus em movimento não dá pra tirar fotos. Resumindo, é realmente um tour bonito de ver, e mais impressionante ainda se você vir as coisas iluminadas antes de vê-las durante o dia.
Depois fomos levados até o Moulin Rouge para o espetáculo Férie (em tradução livre minha "feérico"). O que dizer do show? É um tanto quanto perturbador: nunca imaginei que mulheres semi-nuas pudessem se transformar em algo tão GAY. Esqueça o cabaret do século XIX e o filme, o show é GAY, muito GAY. Logo se percebe que o produtor daquilo é viado, o coreógrafo é tão gay que não sabe o que é sensual na mulher, o compositor solta purpurina pelos poros e o estilista, bom, melhor nem comentar, é uma "queen". Você ri muito durante o espetáculo, pelo completo non-sense e impossibilidade estética e teórica do que está assistindo. O show conta pequenas histórias, que as vezes se conectam, com direito a um casal oriental que se apaixona mas é obrigado a se separar, aí a mocinha é seduzida por um europeu, que a joga entre cobras! Literalmente. Juro que sobe do chão uma piscina de vidro (de forma que você vê tudo debaixo d'água) onde a mulher é jogada, no meio de cobras de verdade que nadam no meio das águas, não antes da atriz gritar estericamente. Claro que no final, o casal se reencontra, só que à moda Peter Pan, sobrevoando a platéia, iluminados por luz negra e por uma lanterninha que os próprios atores seguram para iluminar os seus rostos. É engraçadíssimo!
Aí você pensa, bom, realmente engraçado, mas não pode ficar pior do que isso. Ledo engano, o elenco todo ainda canta "I will survive". Aí você pensa, é o fundo do poço! Ledo engano. Você ainda vai ver todo o elenco, incluindo os homens (tem homens!!!! Só que eles estão sempre devidamente cobertos, quer dizer, quase sempre) entrar no palco por uma escada que desce do teto cobertos dos pés à cabeça de cor-de-rosa-choque e plumas, muitas plumas, em trajes iluminados (literalmente! com lâmpadas e tudo!)
Só não piora mais ainda porque o espetáculo acaba, e você está com dor de barriga de tanto rir. Meninas, não tentem assistir ao show de maquiagem pesada, ela não vai resistir.
Além de tudo isso, o show possui pequenos intervalos para as bailarinas e bailarinos trocarem de roupa (as mulheres trocam apenas os fios dentais, saltos agulha e fios que ressaltam que estão com os seios de fora), que são ocupados por números circenses, esses muito bons, não tem onde pôr defeito.
Todo o show tem apenas 5 minutos do que realmente queríamos ver: cancan. Mas são belos 5 minutos que fazem a platéia vibrar! É emocionante! E você consegue vislumbrar o quê que é o cabaret original, e a razão das bailarinas não serem tão boas nas outras coreografias: elas sabem mesmo é dançar cancan!
Acabado o espetáculo, estávamos nós também acabados. Graças a Deus a companhia de turismo providencia o transporte até o seu hotel, senão estávamos fritos, porque o show acaba depois de 1h da manhã, quando o metrô já fechou.
Voltamos ao hotel com fome por causa da hora, mas estávamos tão cansados que só queríamos dormir. Chegamos lá, e o cara da recepção estava deitado numa cama estendida no micro salão usado para o café da manhã. Ele nos indicou que a nossa chave estava no balcão e só se preocupou quando eu entendi que ela estava nos lugares onde se guardam as chaves dos quartos, do outro lado do balcão. A chave estava do lado de fora, em cima da mesa mesmo. Como eu iria ver naquela escuridão que elas estavam ali? Mas enfim, conseguimos subir e capotamos. Mesmo. O dia seguinte também seria cheio.
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